DERMATOLOGIA CLÍNICA
Por: Leonardo F.
11 de Novembro de 2021

DERMATOLOGIA CLÍNICA

BASES PARA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTOS

Medicina Anatomia Anatomia humana Citologia Histologia Imunologia Patologia Biologia molecular Curso superior Dermatologia Pele

Estrutura básica: a pele é o maior órgão do corpo humano, correspondendo a aproximadamente 16% do peso corporal. Ao longo de sua distribuição, há variações em espessura, rigidez, elasticidade e quantidade de anexos. Toda sua superfície é composta por sulcos e saliências, mais acentuadas em regiões palmoplantares. Há que se destacar a importância dos dermatóglifos (impressões individuais palmoplantares), pois há correlações com doenças neurocutâneas, devido ao fato do desenvolvimento embriológico da pele é relacionado ao desenvolvimento embriológico do SNC. O pH da pele é ácido, variando de 4,6 a 5,8.

A pele é constituída, basicamente, de três tecidos: epiderme, derme e TCSC. A região de transição entre epiderme e derme é chamada de junção dermoepidérmica ou zona de membrana basal. 

 

EPIDERME: composta pelos queratinócitos, cujo processo de maturação ao longo da camada (da camada germinativa à córnea) é complexo e multifatorial. Em tais células, há síntese de filamentos intermediários: as citoqueratinas, que são de extrema importância para compreensão de vários mecanismos nas doenças cutâneas. 

A epiderme contém células de vigilância imunitária (Langerhans) e de funções mecanorreceptora/neurossecretora de adaptação lenta às alterações teciduais (Merkel).

Camada germinativa:  a mais profunda das camadas, constitui-se por duas populações celulares: queratinócitos basais e os melanócitos na proporção 10/1. As primeiras são células colunares, com núcleo avantajado e com capacidade proliferativa. As segundas são células dendríticas cujas ramificações se relacionam com as células da camada espinhosa. Em geral, um melanócitos se relaciona com aproximadamente 36 queratinócitos. Todos os humanos apresentam o mesmo número de melanócitos. O que define a cor é a quantidade, tamanho e distribuição de melanossomos (organela que sintetiza e armazena melanina). O precursor essencial de melanina é a Tirosina. 



Camada espinhosa (ou de Malpighi): células advindas da camada germinativa sofrem diversas modificações histoquímicas e morfológicas, adotando um caráter espicular. Tais células são ricas em desmossomos, configurando uma camada com células extremamente aderidas. 

Camada granulosa: caracterizadas pela presença de grânulos formados por citoqueratinas e diversas proteínas, que se agregam formando um envoltório queratinizado. Por esse motivo, é uma camada caracterizada por intensa atividade metabólica. Há também abundância de material lipídico responsável por fornecer determinada impermeabilidade à pele. 

Camada córnea: chamada assim, porque contém células anucleadas e sem organelas com citoplasma repleto de substância amorfa e queratina. É a cama mais externa da epiderme, constituindo o verdadeiro limite do organismo com o meio ambiente. Também contém abundância de material lipídico disperso, formando uma barreira hidrofóbica de proteção. 

 

DERME: compreende um verdadeiro gel, rico em substância fundamental (principalmente ácido hialurônico) e material fibrilar. A derme possui espessura variável e se divide em três porções: 

- Papilar: com grande celularidade, com finos feixes fibrilares e numerosos fibroblastos.

- Perianexial: idêntica à papilar, mas circunscreve os anexos.

- Reticular: baixa celularidade, com feixes fibrilares grossos e pobre em substância fundamental. 

 

A derme acomoda os vasos sanguíneos, linfáticos, nervos e anexos de origem epidérmica. 

 

As células residentes são: fibroblastos, histiócitos, células dendríticas e mastócitos. É importante ressaltar que outros tipos celulares, como linfócitos e plasmócitos também são encontrados em tal tecido, mas em caráter transitório. 

 

Colágeno: é a proteína mais abundante do organismo, sendo amplamente distribuída pelos tecidos conjuntivos. No caso da derme, corresponde a cerca de 75% da sua massa seca. É responsável por prover resistência e elasticidade ao tecido. Existem vários tipos de colágenos, mas o tipo 1 é o mais abundante na derme. 

 

Fibras elásticas: Estão presentes em quase todos os órgãos, em proporções variáveis. Na pele, forma uma rede por toda derme. Corresponde a cerca de 2% da massa seca da derme. As fibras formam uma trama com função de ancoragem e de oposição às forças de distensão e compressão. São sintetizadas, principalmente, por fibroblastos. 

 

Substância fundamental: constituída essencialmente por proteoglicanos, que se interrrelacionam com diversos componentes extracelulares. É responsável pela aderência entre tais componentes. Inclusive, os proteoglicanos possuem capacidade de absorver até 1000 vezes o seu volume em água. 




Células da derme: 

 

Fibroblastos: principais responsáveis pela produção de conteúdo proteico dos tecidos conjuntivos e de mensageiros para a epiderme. 

 

Histiócitos/ Macrófagos:  possuem a capacidade de fagocitar, apresentar antígenos, modular o sistema imunológico (secretam citocinas e fatores de crescimento). 

 

Mastócitos: contêm grânulos secretórios (heparina, histamina, triptase, quimase, carboxipeptidase, etc.) e lisossomais (enzimas que degradam substância fundamental). Além disso, modulam o sistema imunológico (citocinas e fatores de crescimento). Por esse motivo, atuam na reparação tecidual reação de hipersensibilidade tipo 1, defesa contra parasitas, angiogênese, etc. 

 

HIPODERME (TCSC): formado por lóbulos de tecido adiposo, delimitados por septos de colágeno. É eficiente no isolamento térmico e na proteção contra traumas, além de armazenar calorias. 

 

ANEXOS: são estruturas que surgem de modificações da epiderme.

 

Folículo pilossebáceo: composto por folículo piloso, glândula sebácea e músculo eretor do pelo. Em algumas regiões (axilas, púbis, mama e anogenital), as glândulas apócrinas desembocam no aparelho pilossebáceo.

 

  • Folículo piloso: queratinócitos que invadem a derme, formando juntamente com células mesenquimais (papila folicular) a unidade funcional produtora de pelos.  Por conter reservatório de células-tronco epidérmicas, são fundamentais para o processo de reparação tecidual, além de sua clássica função de preservar a homeostasia e proteção contra raios UV.
  • Glândulas sebáceas: Trata-se de uma glândula holócrina (células se rompem, liberando todo o seu conteúdo) produtoras de sebo, material lipídico com propriedades antimicrobianas e protetoras. Estão sob controle de hormônios andrógenos. Na puberdade, atinge máxima atividade e diminui gradativamente pelo resto da vida. 
  • Músculo eretor do pelo: musculatura lisa que estabelece relação única com um folículo pilossebáceo. 

 

Glândulas sudoríparas écrinas: estão amplamente distribuídas por toda a pele, mas em maior quantidade nas regiões palmoplantares e axilares. São responsáveis pelo termorregulação do corpo humano, pois produzem secreção sudoral rica em água e substâncias plasmáticas (incluindo sais, ureia, proteínas, lactato e alguns íons). Estão sob controle hipotalâmico por meio de terminações simpáticas, que possuem padrão atípico, pois são ativadas por acetilcolina (parassimpatomiméticos). Isto é, ACh estimula a sudorese. 

 

Glândulas apócrinas: desenvolve-se nas regiões axilares, genitais e periareolar. Possuem secreção por decapitação (secretam parte do citoplasma em conjunto com a membrana plasmática). A secreção possui aspecto oleoso, inodoro, mas rica em material orgânico, que é decomposto pela flora bacteriana da nossa pele, originando odor característico dessas regiões. Seu ducto desemboca no folículo piloso. 

 

Citoqueratinas (CK): são as maiores proteínas estruturais das células epiteliais, incluindo os queratinócitos. Possuem vasta heterogeneidade, sendo agrupadas em dois grupos: as CK ácidas (tipo 1) e as básicas (tipi 2). São estruturas importantes no reconhecimento de neoplasias epiteliais, pois permanecem conservadas durante a transformação neoplásica. Portanto, funcionam como marcadores, pois cada epitélio possui um padrão histológico de CK. 



Funções: 

 

Função de barreira: A barreira epidérmica protege a pele de agentes externos, sejam eles físicos, químicos ou biológicos. Essa barreira é criada pela diferenciação celular das células epidérmicas, que migram das camadas basais para a camada córnea (mais superficial). Há substituição da epiderme a cada 28 dias aproximadamente. As células da epiderme são  chamadas de queratinócitos e são responsáveis pela produção de queratina (proteína estrutural que compõe o citoesqueleto das mesmas). À medida que a célula vai migrando para a superfície, as queratinas vão sendo agrupadas em feixes paralelos, ao passo que se torna anucleada. De modo geral, pode-se comparar a camada córnea a uma estrutura de “tijolos e argamassa”, pois, as células riscas em queratina (tijolos) se intercalam com lipídeos (argamassa).

 

Função imunológica: Na interface entre meio interno e externo, as células epiteliais são dotadas de mecanismos de defesa primária. Por exemplo, tais células possuem receptores tipo “Tolls” e Lectinas tipo C, que detectam antígenos e desencadeiam respostas pró-inflamatórias.  As células dendríticas de Langerhans também atuam na imunidade inata, induzindo a proliferação de linfócitos T e secreção de citocinas e de NO-sintase. 

 

Função de proteção contra radiação UV: Além dos queratinócitos, há outra população de células presente na epiderme: os melanócitos. Tal grupo celular é responsável pela produção de melanina, um pigmento capaz de absorver a radiação UV. O pigmento é fagocitado pelos queratinócitos e transportado para as adjacências do núcleo, formando um escudo protetor. 

 

Função de sintetizar vitamina D: a pele produz precursores de vitamina D a partir de substâncias existentes na epiderme. A conversão depende da exposição à luz UV. 

 

Função sensitiva: a pele é um dos principais locais de interação com o meio externo. Há três principais tipos de fibras nervosas na pele: 

- Fibra A-beta: grandes, intensamente mielinizadas, que transmitem a sensibilidade tátil e propriocepção. São mais calibrosas, portanto conduzem mais rapidamente os impulsos. 

- Fibra A-delta: pouco mielinizadas, envolvidas na transmissão de estímulos dolorosos rápidos (em alfinetada). Por ser menos calibrosa, conduz os impulsos mais lentamente, embora mais rápido com que a fibra C. 

- Fibra C: não mielinizadas que transmitem dor em queimação e sensação de prurido.

 

Função de regulação térmica: A sudorese e a regulação da intensidade do fluxo sanguíneo na pele funcionam como mecanismos de controle térmico do nosso organismo. 

Proteção contra trauma: A derme é a principal estrutura responsável por proteger a pele contra traumas. O colágeno, que representa 75% do peso seco da derme, é responsável pelo tônus, rigidez e resistência da pele. Por fim, as fibras elásticas, são responsáveis pela elasticidade e resistência da pele.  

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