Por: Leonardo F. 15 de Novembro de 2021
NEUROLOGIA | MENINGITES E MENINGOENCEFALITES
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Conceito: inflamação das meninges e do espaço subaracnóide.
Etiologia: pode ser viral, bacteriana (aguda ou crônica), fúngica ou asséptica (drogas, medicamentos, doenças inflamatórias/ autoimunes) ou ainda causada por neoplasia, sendo chamada de carcinomatose.
Meningite bacteriana aguda:
Mais comuns em crianças e adultos de maneira geral são: pneumococos e meningococos. Outros agentes estão reservados a determinadas populações específicas.
Quadro clínico:
- Cefaleia intensa que não melhora com analgésicos*
- Náuseas e vômitos
- Febre*
- Rigidez nucal*
- Mal estar e queda do nível de consciência*
- Sonolência e irritabilidade
- Alterações de comportamento, crises epiléticas, déficits focais (meningoencefalite)
Em até 95% dos casos, os pacientes apresentarão pelo menos dois desses sintomas (*).
Achados de EF: sinais de sepse (hipotensão, taquicardia e febre), petéquias, sinais de irritação meníngea, papiledema (edema bilateral de fundo de olho → sinal de hipertensão intracraniana) e sinais de encefalite (rebaixamento do nível de consciência, déficit motor ou sensitivo, alteração de comportamento, afasia ou transtornos do movimento).
Sinais de irritação meníngea:
- Rigidez nucal: paciente em DD, pernas livres e braços esticados realiza flexão passiva da cabeça. Positivo quando há resistência à flexão.
- Sinal de Brudzinski: flexão das pernas em resposta ao sinal positivo de flexão da cabeça.
- Sinal de Kernig:
- Jolt accentuation headache: lateralização da cabeça na cadência de 2 ou 3 rotações por segundo → observar se há piora da dor.
Manejo: suspeição clínica → estabilização do paciente, se necessário → solicitar coleta de LCR¹ + imagem² + laboratoriais.
Punção lombar: DLD + flexão concomitante de pernas e cabeça → abertura das apófises espinhosas.
Local: ponto de intersecção entre a linha mediana do dorso (vertical) e a linha tangente às cristas ilíacas póstero superiores → mais ou menos entre L2/ L3.
Avaliar: pressão de abertura, celularidade, glicorraquia, proteínas e lactato. Também pesquisar GRAM ou eventualmente solicitar PCR.
Alterações do LCR em meningites: aumento da pressão de abertura, aumento da celularidade (predomínio de LMN), redução da glicorraquia, aumento de proteína e de lactato).
Tratamento: não postergar tratamento em pacientes mais graves.
- Empírico: Ceftriaxone 2g (dose inicial) ---------------- 12/12h + Dexametasona 0,15 mg/Kg/ dose ---------------- 6/6h por 4 dias.
- Dependendo da epidemiologia do paciente, pode haver necessidade de adicionar outros ATB.
- Se apresentar sinais de comprometimento encefálico → pensar em meningoencefalite herpética.
- Tratar com: Aciclovir 10mg/ Kg/ dose de 8/8h.
Recomendações importantes: isolamento respiratório (gotículas) por 24 horas + notificação + vacinação.
Quimioprofilaxia: Rifampicina (1º escolha) ou Ceftriaxona ou Ciprofloxacino → realizar em até 48 horas.
- Haemophylus influenzae: contactantes domiciliares quando crianças susceptíveis (não vacinada ou vacinação incompleta) + creches/ pré-escolas à partir do 2º caso confirmado e profissionais de saúde (IOT e aspiração de VA).
- Neisseria meningitidis: familiares íntimos e outros contactantes íntimos), creches/ pré-escolas, quartéis e profissionais de saúde (IOT e aspiração de VA).Complicações nas meningites bacterianas: hidrocefalia (aumento dos espaços ventriculares, que pode levar a lesão neurológica e coma), crises convulsivas (devido ao processo inflamatório), herniação e infarto (vasculite).