O formato do seu corpo explica como sua mente funciona
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Por: Lia L.
13 de Julho de 2022

O formato do seu corpo explica como sua mente funciona

Assim como os outros animais desenvolvem formatos corporais para sobreviver, nós humanos também moldamos nosso corpo para uma melhor sobrevivência

Psicologia Geral

Lembra das aulas de Biologia quando você aprendeu que os pássaros tem formato de bico diferente pois se adaptaram para sobreviver em ambientes diferentes? Pois então, nós seres humanos também adaptamos nosso formato corporal para sobreviver e viver melhor de acordo com o nosso ambiente. 

Nosso formato corporal é uma combinação de fatores genéticos - herdados dos nossos familiares - e de fatores sociais e ambientais. Ou seja, o ambiente no qual você vive e as relações sociais que você tem interferem diretamente no formato do seu corpo. Você já deve ter ouvido falar (ou até sofreu na própria pele) que depois que casa, engorda. Isso vem em decorrência da mudança de ambiente e da nova dinâmica social, desse novo relacionamento. São os fatores sociais e ambientais que exigem do seu corpo uma adaptação para a sua nova realidade. Mas você pode estar se perguntando, mas nem todos engordam quando casam, não é mesmo? As mudanças corporais ocorrem como uma forma de adaptação ao novo ambiente para possibilitar a nossa sobreviência, se o novo ambiente não é uma ameaça à sua sobrevivência não há necessidade dele se adaptar. 

Aqui a gente entra mais a fundo na teoria de Wilhelm Reich sobre os traços de caracteres. Esse psicanalista, contemporâneo de Freud, percebeu que as pessoas com formatos corporais similares tinham formas de pensar, sentir e agir similares. De alguma forma, o formato corporal era a parte visível da mente dos pacientes. Aprofundando seus estudos chegou a 5 traços de caracteres, ou seja, características corporais e comportamentais que possibilitava compreender a mente dos seus pacientes. Esses 5 traços se desenvolvem durante a primeira infância, desde a concepção do bebê até aproximadamente os 6 anos de idade. É o mesmo momento que ocorre a mielinização do sistema nervoso no nosso corpo.

Explicando de modo bem resumido, nosso sistema nervoso é como uma fiação elétrica que liga nosso cérebro ao funcionamento do corpo como um todo. Nesses primeiros anos, os neurônios se ramificam e fazem conexões entre si para que a gente possa desenvolver o controle motor, o funcionamento dos órgãos internos, da memória, etc. Porém, num primeiro momento essa "fiação elétrica" está desencapada, sem a bainha de mielina, que vai se desenvolvendo por fases nesses primeiros anos de vida do cérebro em direção aos membros pela coluna vertebral. Nessas fases a criança vai ganhando novas habilidades e controle do próprio corpo. Ou seja, tanto a mente como o corpo estão se desenvolvendo de acordo com as informações colhidas do ambiente e das relações sociais estabelecidas. A informação genética já construiu o corpo, nessa fase são as vivências que vão continuar o processo de construção do formato corporal.

Mielinização e os traços de caráter - O Corpo Explica

A primeira fase, quando a criança ainda está no útero ocorre o nascimento de milhares de neurônios na região do cérebro, estimulando o desenvolvimento da nossa capacidade cognitiva, imaginativa, criativa que será observada mais tarde na criança. Nesse momento as formação dos neurônios é intensa no cérebro enquanto o corpo ainda está desenvolvendo sua ossatura e musculatura para somente mais pra frente aprender a ter controle. Por isso o formato corporal é de cabeça grande e estrutura corporal pequena, pouco ossatura e pouco musculatura. Reich observou que os adultos que tinham esquizofrenia tinham o corpo mais magro, com ossatura aparente, pouca musculatura, testa mais alta. Relatou também em seus estudos que essas pessoas tinham um grande poder de imaginação, criatividade, raciocínio lógico, que não gostavam de muito contato físico, gostavam de fazer atividades sozinhos, essas são algumas das características do Traço Esquizoide.

A segunda fase, vai do primeiro mês de vida até aproximadamente 1 ano de idade, quando a mielinização atinge a região cervical, o bebê vai desenvolver o controle do pescoço sustentando a cabeça, é o momento de experimentação do mundo por meio da boca, tanto para se alimentar, como para se comunicar e conhecer novos objetos. O bebezinho para sobreviver precisa chamar a atenção dos adultos, ele depende da proteção e os cuidados desses adultos. Nessa fase os bebês são fofos, redondinhhos, macios, aprendem a se comunicar com olhos, gemidos, choros, movimentos. Essa fase é a famosa fase Oral. Quando adultos, as pessoas com esse formato corporal mais arredondado e macio, são bastante comunicativos, precisam de atenção e convívio com outras pessoas para terem suas necessidades atendidas e quando estão sozinhos se sentem angustiados, tristes e choram, são características do Traço Oral.

Voltando ao exemplo de "quando casa, engorda", esse é um traço que tem tendência a engordar quando se sente abandonado ou que abandonou alguém, diferente do Traço Esquizoide que costuma ter dificuldade em ganhar peso, é capaz de emagrecer caso ele se sinta rejeitado no novo ambiente.

A terceira fase, do primeiro ano até mais ou menos 2,5 anos, a mielinização desceu pela coluna vertebral até o tórax, a criança já caminha um pouco, mas tem mais domínio dos braços. É o momento que ela começa a interagir com outros membros da família e da sociedade além da mãe e cuidadores. A criança percebe que pode pedir o que quer, que pode dizer "não" e começa a aprender a negociar e viver nesse mundo social. Nessa fase a criança quer ter o comando de suas vontades, mas ainda não dá conta de fazer tudo sozinha, ela aprende a negociar ou articular. O corpinho é maior e mais controlado na parte superior do tórax e mais fraco e menos controlado na parte inferior. O que confere um formato de triângulo invertido, ombros mais largos e cintura mais fina. Observando os adultos com esse formato corporal, o psicanalista chamou de Traço Psicopata

Vamos fazer uma pausa aqui, esses nomes vindos das pesquisas de Reich fazem referências a disturbios de comportamento, mas NÃO significa que você, por ter esse formato corporal tenha um distúrbio ou patologia, ok? Reich era psicanalista e estudou os corpos e comportamentos de pacientes que no século passado eram considerados casos clínicos. Muita coisa já evolui nas ciências e esse artigo pretende apenas trazer uma breve explicação dos traços e os formatos corporais. É claro que você que está lendo vai se identificar tanto com as características físicas como comportamentais dos traços, pois você também passou pelo processo de mielinização. Mas você não necessariamente vai ter um distúrbio de personalidade. Estamos combinados? O nome dos traços é apenas uma referência aos estudos de Reich e NÃO dos transtornos psicológicos.

A quarta fase, na época do desfraude, a mielinização chega na lombar conferindo mais força e controle das pernas e dos esfíncteres. A criança terá condições de perceber e controlar tanto a urina como as fezes. Para ter esse controle ela precisa desenvolver a contratura muscular e o relaxamento, isso vai conferir uma musculatura mais densa, um formato corporal mais quadrado. Nessa fase, forma-se o Traço Masoquista (a fase anal de Freud), a criança precisa aprender quais os sinais do corpo antecedem as necessidades de evacuação para não fazer nas calças. Ela aprende a evitar riscos, usar sua força muscular para evitar fazer algo considerado errado pela sociedade. Quando adultas são pessoas bastante metódicas, gostam de protocolos, rotina, organização, são "quadradinhas" mesmo e morrem de medo de um erro seu ser exposto em público.

A quinta fase, é quando a criança descobre a sexualidade, ela toma consciência de seus órgãos genitais pois a mielinização atingiu a parte final da coluna vertebral, conferindo uma sensibilidade maior na região genital e a descoberta de que existem meninos e meninas. Freud chamou de fase fálica, quando ocorre o triangulo de Édipo. Para Reich esse é o momento de formação do Traço Rígido, quando o menino tenta criar um par com a mãe e a menina com o pai, mas a criança sente que existe um triângulo afetivo e ela está na ponta fraca. Para conseguir conquistar seu espaço nessa relação ela se torna mais competitiva, o corpo ganha formatos corporais mais curvilíneos e a musculatura mais definida e ágil. Quando adulta essa pessoa quer estar sempre em primeiro lugar, ser a melhor, ter destaque, tem um sex apeel mais evidente.

Todos nós passamos pelas 5 fases de formação dos traços de caracteres e por isso temos os 5 traços, porém, cada um teve vivências e experiências diferentes nos seus ambientes de vida. É exatamente essa diferença que faz com que o seu corpo ter esse formato. A gente desenvolve mais intensamente os traços que a gente teve mais impacto emocional no momento da formação. Por exemplo, quando a mãe tem uma gestação difícil, de risco, estressante, a criança vai sentir dentro do útero as alterações emocionais da mãe pois o útero fica mais frio, duro e barulhento, isso desenvolve mais o Traço Esquizoide que sente que está sendo rejeitado por aquele ambiente. Quando a criança, no primeiro ano de vida precisa chorar muito para ser atendida nas suas necessidades, quando ela não recebe o colo materno e se sente abandonada, ela desenvolve mais o Traço Oral. Já a criança de 1 ano que não tem a oportunidade de conquistar seus desejos, é manipulada pelos pais e nunca ganha nada em troca, ela vai desenvolver mais intensamente o Traço Psicopata. A criança que foi muito humilhada durante o desfralde desenvolve mais intensamente o Traço Masoquista. A criança que se sentiu excluída, traída ou preterida na relação com o progenitor do sexo oposto desenvove mais o Traço Rígido

Cada pessoa terá a sua combinação de traços específicas de acordo com sua história de vida, com o ambiente que se desenvolveu e das relações que estabeleceu. Esse será o modo de funcionamento da sua mente para o resto da sua vida. Cabe a cada indivíduo aprender a usar de forma saudável e funcional o seus traços, pois todos os traços tem seus recursos, suas habilidades, seus super poderes, e todos os traços tem sua dor emocional que ele vai tentar evitar reviver. Para ficar mais claro:

Traço Esquizoide: é criativo, racional, mas tem medo de ser rejeitado. Corpo magro, estreito com ossatura aparente

Traço Oral: é comunicativo, sensível, mas tem medo de ser abandonado. Corpo redondo, macio

Traço Psicopata: é articulador, negociador, mas tem medo de ser manipulado. Corpo em triângulo invertido

Traço Masoquista: é sistemático, prudente, mas tem medo de ser humilhado. Corpo quadrado, denso

Traço Rígido: é ágil, resolutivo, mas tem medo de ser traído, excluído ou trocado por uma opção melhor. Corpo curvilíneo, musculatura definida

 

A identificação de quanto cada pessoa tem de cada traço é possível ser feita apenas por um Analista Corporal certificado pelo O Corpo Explica, que é a instituição que desenvolveu a ferramenta da análise corporal. Essa análise avalia o formato corporal da cabeça, olhos, boca, tronco, quadril e pernas identificando o quanto o analisado tem de cada traço em cada parte do corpo e gerando um gráfico final.

Fonte: https://rsaude.com.br/ponta-grossa/materia/e-incrivel-o-nivel-de-clareza-precisao-e-resultado-que-a-analise-corporal-gera-em-apenas-um-atendimento/22232

Aqui temos dois exemplos de gráficos que muito além das porcentagens de cada traço, essa análise vai esclarecer a polaridade entre ser mais racional ou emocional, ser mais executor ou mais passivo, se você tem uma tendência a ter dependência emocional ou não, se você tem uma tendência a ter mais ambição e foco em resultados, se é mais social ou antissocial. A combinação dos seus principais traços explicam seus recursos internos, seus pontos fortes e seu caminho fácil para ter uma vida mais leve, livre e saudável.

Todas as dificuldades, desafios e problemas de relacionamento ou emocionais que você vive hoje podem ser explicados de acordo com os seus traços de caracteres. Se você tem problemas no relacionamento amoroso, na comunicação com os filhos, se irrita com as atividades da casa, explode com os colegas de trabalho, quer se isolar do mundo, ou se sente angustiada por estar sozinha, todas essas emoções estão diretamente relacionada como a dor ou as dores dos seus traços de caracteres. Sempre que sua mente identifica que aquele ambiente ou aquela pessoa com quem você se relaciona pode ativar uma ou mais das 5 dores básicas, seu comportamento será de reação de sobrevivência de luta ou fuga da situação.

Por exemplo, quem nunca achou que o namorado pudesse estar pensando em te trair e já teve logo uma ataque de ciúmes? Se não foi com você, com certeza você já viu uma mulher bem bonita ter uma reação bastante intensa e agressiva diante dessa situação. Na época de Freud e Reich seria considerado um ataque histérico, hoje, pela análise corporal sabe-se que é a dor do Traço Rígido tentando se defender de ser traído ou trocado novamente, porque ficou moldado na mente e no corpo dessa mulher a dor da traição que ela sentiu quando o pai preferiu dormir com a mãe dela ao invés de ficar cuidando dessa linda menininha.

Nosso corpo explica nossa mente, ele é o registro do que aconteceu na nossa infância justamente quando nossa capacidade de memória não estava ainda desenvolvida. Você pode não lembrar o que aconteceu, mas seu corpo lembra e é por isso que você reage intensamente quando se sente ameaçada emocionalmente por uma pessoa ou em um ambiente que te faz reviver uma dor da sua infância: da rejeição, do abandono, da manipulação, da humilhação ou da traição.

São suas emoções e seus sentimentos que passam informações para seu cérebro e ele responde com comportamentos reativos (sem gestão das emoções) e quando você vivencia por muito tempo essas emoções desagradáveis o seu corpo se modifica para tentar se adaptar ao novo ambiente e você conseguir sobreviver. Inclusive o excesso de peso, a dificuldade de ganhar peso e tensões musculares são formas do seu corpo tornar visível a dor que existe dentro de você. Quando você aprende a identificar a dor emocional e cuida dessa dor, ao invés de reagir sem controle do seu comportamento, você evita que a dor se transforme em comportamentos reativos, aprende a responder àquela ameça de forma saudável sem precisar surtar, explodir, engolir sapo, ter enxaqueca, se isolar do mundo ou se vingar de quem te ofendeu.

Seu corpo é muito inteligente e te envia informações do que ele precisa o tempo todo, você precisa apenas aprender a entender essas informações, começando a entender que você precisa ser quem você é. Se você tem recursos internos que você não está utilizando seu traço vai sentir sua dor básica. Não adianta você querer nadar como um peixe, se você é um pássaro e tem asas para voar. Não adianta você querer ser um avestruz, se você for uma águia, você tem seus próprios recursos, sua própria forma de funcionamento, seu próprio formado corporal. Use todos os seus recursos ao seu favor.

 

Me diz uma coisa: você se identificou com algum(s) traço(s)? Tenho certeza que além de ter se identificado com algum traço, você também lembrou de alguém que tem aquele traço mais evidente. Compartilha esse artigo para que essa pessoa possa se entender melhor e buscar formas mais saudáveis de resolverem seus problemas cotidianos. E para você que já identificou qual(is) seu(s) traços(s) mais evidentes, coloque aqui nos comentários o que você quer saber sobre esse seu traço. 

Para todos os problemas que você tiver na sua vida, existe uma explicação e uma solução. Conhecer seus traços te trará clareza e mais controle das suas emoções. 

Como Analista Corporal certificada pelo O Corpo Explica, posso te orientar nessa jornada de autoconhecimento e de busca de respostas e soluções para os desafios diários nos seus relacionamentos familiar, de trabalho ou gestão das suas emoções.

 

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Lia Nobre Lemos

Analista Corporal certificada pelo OCE

Mestre em Antropologia pela PUC/SP

Especialista em Neurociências, psicologia Positiva e Mindfulness pela PUC/PR

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Lia L.
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Bertioga / SP
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Especialização: Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness (Pontifícia Universidade Católica PUC/PR)
Professora e terapeuta. Mestre em antropologia, especialista neurociência, psicologia positiva e análise corporal.

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