Professores estressados não ensinam seus alunos
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Por: Lia L.
26 de Janeiro de 2023

Professores estressados não ensinam seus alunos

A falta de investimento em Inteligência Emocional nas escolas tem reduzido a capacidade de aprendizado dos alunos

Antropologia Educação Geral

Quantas vezes você como professor(a) acabou gritando em sala de aula? Com que frequência você se sente exausto(a) e irritado com a dinâmica caótica dos alunos?Quantas vezes você adoeceu e ficou contente por ter tido uns dias de folga ou ainda pior, quantas vezes você adoeceu e mesmo doente foi dar aula para não ser descontado do salário?!

Essa é uma realidade muito comum nas escolas e faculdades e é justamente a falta de gestão das emoções que faz o professor se desconectar do seu objetivo principal que é ensinar por meio da conexão afetiva, do entusiasmo, do prazer pelo aprendizado. No entanto, a responsabilidade não é única e exclusivamente do educador, as próprias Instituições de Ensino não tem suporte adequado e constante aos seu corpo docente.

Os professores, além das horas em sala de aula na relação direta com os alunos, tem as horas de preparo e correção de atividades e as horas de atividades burocráticas ou administrativas como lançamento de faltas e notas. Essas atividades não são "tempo livre" do professor, são atividades intensas e com prazos curtos aumentanto os níveis de estresse da categoria. Esse tempo muitas vezes é insuficiente para toda a carga de trabalho extra classe que é necessário para um bom preparo de atividades e uma boa correção das provas, o que faz com que o professor sacrifique finais de semanas e feriados para dar conta de toda a demanda escolar.

Em sala de aula, o professor já cansado e sobre pressão para entregar notas e faltas no prazo, ele recebe a pressão e cobrança dos alunos descontentes com suas notas. Toda essa dinâmica do docente é equivalente a trabalhar sobre pressão mais de 8h por dia, mais de 5 dias por semana. Quando o professor percebe seu estresse e a falta de apoio institucional, muitas vezes é em sala de aula que essa pressão explode. Professores que gritam, professores autoritários, professores inflexíveis, professores incapazes de acolher as demandas de crianças e jovens que ainda estão em processo de aprendizagem e desenvolvimento.

As crianças e jovens, que buscam em seus professores uma referência de vida, buscam respostas, os admiram, acabam enxergando apenas mais um adulto estressado e incapaz de lidar com as próprias emoções. Essa dinâmica se instala e segue até o final do período letivo.

Os alunos ficam desmotivados, assustados, bravos e com motivos, eles acabam se sentindo obrigados a frequentar um ambiente no qual deveria ser de acolhimento, curiosidade, aprendizado, crescimento e acabam vivenciando uma dinâmica desgastante tornando a escola um lugar chato e estressante. Crianças e Jovens precisam de exemplos, de movimento, de liberdade de perguntarem e não encontram isso nas escolas tradicionais.

O cérebro das crianças aprendem a partir das emoções, quanto mais agradáveis as emoções mais forte o aprendizado, quanto mais tensas e desagradáveis menor o aprendizado e maior os níveis de medo, raiva, tristeza. 

Para corrigir essa dinâmica escolar falida é necessário interesse e investimentos na saúde emocional do professor, que é o adulto que está em contato direto com as crianças. Um professor que sabe regular as próprias emoções é capaz de se conectar com as crianças e jovens de forma positiva trazendo-os para um ambiente acolhedor de respeito, atenção e admiração pelo processo de aprendizado.

Os professores são a base de toda a formação dos profissionais do presente e do futuro, sem um bom aprendizado nas escolas, as empresas perdem, os clientes perdem, o mercado perde. É importante ter em mente, que o aluno de hoje, que está sofrendo essa dinâmica estressante nas escolas, é o profissional de amanhã, que vai reproduzir um padrão de comportamento disfuncional por falta de exemplos e oportunidades de aprender a viver em um ambiente saudável.

Para uma boa gestão do tempo e da saúde emocional, todos os professores, deveriam ter no máximo 5h de trabalho em sala de aula por dia, e no máximo 5 dias por semana. O tempo de trabalho e o tempo livre precisam ser existentes em todas as agendas. Sem tempo de pausa, de descanso, de autocuidado não é possível falarmos de Inteligência emocional.

Vale lembrar que os professores não são máquinas, são seres humanos que necessitam de tempo e cuidados como todos os seres humanos. O desenvolvimento da Inteligência Emocional pode ser aprendido e replicado em sala de aula nas mais diversas situações escolares, em todas as disciplinas. O professor que aprende a lidar com as próprias emoções se torna um exemplo em sala e um facilitador para que os jovens encontrem um adulto e um ambiente favorável para expressar suas emoções. Seria a situação ideal, pouco observada na realidade escolar do Brasil atualmente.

Imagine um professor que chegue em sala e mesmo diante da agitação e conversas animadas dos jovens, ele não tem o comportamento de gritar ou de ser autoritário e sim o de ser empático e de calorosamente conduzir a turma para as atividades do dia. Isso só é possível quando esse professor está bem descansado e tem consciência e controle de suas próprias emoções. É o professor que sabe quais seus limites físicos, mentais e emocionais e se cuida para não ultrapassar esses limites.

Agora, reflita: você, como professor ou como aluno, aprendeu sobre quais são seus limites físicos, mentais e emocionais? Você aprender a gerenciar seu tempo e suas emoções priorizando a suas necessidades de pausa, de repouso, de cuidado com seu corpo e sua mente? Você teve exemplos na sua vida de como direcionar a raiva, a tristeza e o medo de forma saudável, sem machucar o outro e sem ter que conter e esconder as suas emoções?

Isso não foi ensina a você e nem aos professores, pelo menos não nas escolas tradicionais, nem nas faculdades. Faz-se necessário uma mudança de cultura educacional, com foco na saúde emocional dos professores, que por consequência vai melhorar a saúde emocional dos jovens alunos.

Para ensinar e para aprender é necessário estar em um ambiente emocionalmente equilibrado. Busque profissionais que possam te ensinar a regular as emoções, acalmar a mente, reduzir o estresse, melhorar o bem-estar e qualidade de vida.

 

Profa. Me. Lia Nobre Lemos

Mestre em Antropologia e Especialista e Mindfulness com foco no bem-estar emocional e gestão do tempo. Para mais informações entre em contato via Whatsapp 11 97849-7441

 

 

Lia L.
Lia L.
Bertioga / SP
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Especialização: Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness (Pontifícia Universidade Católica PUC/PR)
Antropologia - Marcadores sociais da diferença, Antropologia - trabalhos acadêmicos, Antropologia - Universitários
Professora e terapeuta. Mestre em antropologia, especialista neurociência, psicologia positiva e análise corporal.

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