O formato do seu corpo explica como sua mente funciona
em 13 de Julho de 2022
Quantas vezes você como professor(a) acabou gritando em sala de aula? Com que frequência você se sente exausto(a) e irritado com a dinâmica caótica dos alunos?Quantas vezes você adoeceu e ficou contente por ter tido uns dias de folga ou ainda pior, quantas vezes você adoeceu e mesmo doente foi dar aula para não ser descontado do salário?!
Essa é uma realidade muito comum nas escolas e faculdades e é justamente a falta de gestão das emoções que faz o professor se desconectar do seu objetivo principal que é ensinar por meio da conexão afetiva, do entusiasmo, do prazer pelo aprendizado. No entanto, a responsabilidade não é única e exclusivamente do educador, as próprias Instituições de Ensino não tem suporte adequado e constante aos seu corpo docente.
Os professores, além das horas em sala de aula na relação direta com os alunos, tem as horas de preparo e correção de atividades e as horas de atividades burocráticas ou administrativas como lançamento de faltas e notas. Essas atividades não são "tempo livre" do professor, são atividades intensas e com prazos curtos aumentanto os níveis de estresse da categoria. Esse tempo muitas vezes é insuficiente para toda a carga de trabalho extra classe que é necessário para um bom preparo de atividades e uma boa correção das provas, o que faz com que o professor sacrifique finais de semanas e feriados para dar conta de toda a demanda escolar.
Em sala de aula, o professor já cansado e sobre pressão para entregar notas e faltas no prazo, ele recebe a pressão e cobrança dos alunos descontentes com suas notas. Toda essa dinâmica do docente é equivalente a trabalhar sobre pressão mais de 8h por dia, mais de 5 dias por semana. Quando o professor percebe seu estresse e a falta de apoio institucional, muitas vezes é em sala de aula que essa pressão explode. Professores que gritam, professores autoritários, professores inflexíveis, professores incapazes de acolher as demandas de crianças e jovens que ainda estão em processo de aprendizagem e desenvolvimento.
As crianças e jovens, que buscam em seus professores uma referência de vida, buscam respostas, os admiram, acabam enxergando apenas mais um adulto estressado e incapaz de lidar com as próprias emoções. Essa dinâmica se instala e segue até o final do período letivo.
Os alunos ficam desmotivados, assustados, bravos e com motivos, eles acabam se sentindo obrigados a frequentar um ambiente no qual deveria ser de acolhimento, curiosidade, aprendizado, crescimento e acabam vivenciando uma dinâmica desgastante tornando a escola um lugar chato e estressante. Crianças e Jovens precisam de exemplos, de movimento, de liberdade de perguntarem e não encontram isso nas escolas tradicionais.
O cérebro das crianças aprendem a partir das emoções, quanto mais agradáveis as emoções mais forte o aprendizado, quanto mais tensas e desagradáveis menor o aprendizado e maior os níveis de medo, raiva, tristeza.
Para corrigir essa dinâmica escolar falida é necessário interesse e investimentos na saúde emocional do professor, que é o adulto que está em contato direto com as crianças. Um professor que sabe regular as próprias emoções é capaz de se conectar com as crianças e jovens de forma positiva trazendo-os para um ambiente acolhedor de respeito, atenção e admiração pelo processo de aprendizado.
Os professores são a base de toda a formação dos profissionais do presente e do futuro, sem um bom aprendizado nas escolas, as empresas perdem, os clientes perdem, o mercado perde. É importante ter em mente, que o aluno de hoje, que está sofrendo essa dinâmica estressante nas escolas, é o profissional de amanhã, que vai reproduzir um padrão de comportamento disfuncional por falta de exemplos e oportunidades de aprender a viver em um ambiente saudável.
Para uma boa gestão do tempo e da saúde emocional, todos os professores, deveriam ter no máximo 5h de trabalho em sala de aula por dia, e no máximo 5 dias por semana. O tempo de trabalho e o tempo livre precisam ser existentes em todas as agendas. Sem tempo de pausa, de descanso, de autocuidado não é possível falarmos de Inteligência emocional.
Vale lembrar que os professores não são máquinas, são seres humanos que necessitam de tempo e cuidados como todos os seres humanos. O desenvolvimento da Inteligência Emocional pode ser aprendido e replicado em sala de aula nas mais diversas situações escolares, em todas as disciplinas. O professor que aprende a lidar com as próprias emoções se torna um exemplo em sala e um facilitador para que os jovens encontrem um adulto e um ambiente favorável para expressar suas emoções. Seria a situação ideal, pouco observada na realidade escolar do Brasil atualmente.
Imagine um professor que chegue em sala e mesmo diante da agitação e conversas animadas dos jovens, ele não tem o comportamento de gritar ou de ser autoritário e sim o de ser empático e de calorosamente conduzir a turma para as atividades do dia. Isso só é possível quando esse professor está bem descansado e tem consciência e controle de suas próprias emoções. É o professor que sabe quais seus limites físicos, mentais e emocionais e se cuida para não ultrapassar esses limites.
Agora, reflita: você, como professor ou como aluno, aprendeu sobre quais são seus limites físicos, mentais e emocionais? Você aprender a gerenciar seu tempo e suas emoções priorizando a suas necessidades de pausa, de repouso, de cuidado com seu corpo e sua mente? Você teve exemplos na sua vida de como direcionar a raiva, a tristeza e o medo de forma saudável, sem machucar o outro e sem ter que conter e esconder as suas emoções?
Isso não foi ensina a você e nem aos professores, pelo menos não nas escolas tradicionais, nem nas faculdades. Faz-se necessário uma mudança de cultura educacional, com foco na saúde emocional dos professores, que por consequência vai melhorar a saúde emocional dos jovens alunos.
Para ensinar e para aprender é necessário estar em um ambiente emocionalmente equilibrado. Busque profissionais que possam te ensinar a regular as emoções, acalmar a mente, reduzir o estresse, melhorar o bem-estar e qualidade de vida.
Profa. Me. Lia Nobre Lemos
Mestre em Antropologia e Especialista e Mindfulness com foco no bem-estar emocional e gestão do tempo. Para mais informações entre em contato via Whatsapp 11 97849-7441