Aceito ou aceitado?
Mantendo ligação com o verbo no infinitivo aceitar (do latim acceptare), tanto aceito quando aceitado existem em português e podem ser usados sem prejuízo de sentido, porém com observância às suas especificidades.
Em nossa língua, existe uma forma nominal chamada particípio. Tal forma é utilizada para indicar um ato, uma ação concluída (há ainda enquanto formas nominais o infinitivo e o gerúndio). Normalmente, os verbos em Língua Portuguesa fazem seus infinitivos em –ado e –ido, como em beber-bebido, estudar-estudado, mas há verbos que aceitam duas versões de particípio, quando isso acontece, dizemos que o verbo é abundante.
O verbo aceitar, sendo abundante, admite aceito e aceitado enquanto particípios, mas há regras específicas para a escolha entre uma forma e outra, não ficando a decisão a cargo puramente da escolha do falante ou escritor.
Aceitado constitui a forma regular do particípio de aceitar e é usado na voz ativa (quando alguém ou algo realiza a ação proposta pelo verbo), acompanhado dos verbos ter e haver, em qualquer tempo ou modo. Vamos a alguns exemplos para maior compreensão:
- Ele não tinha aceitado o novo emprego, pois achava que aquela não era uma boa oportunidade.
- Nós não teríamos tomado uma decisão tão errada se soubéssemos de todas as informações anteriormente.
- Ela havia aceitado o pedido de casamento crente de que seria muito feliz ao lado do noivo.
Aceito é a versão irregular de particípio utilizada na voz passiva (quando alguém ou algo sofre a ação proposta pelo verbo) e que tem como acompanhantes os verbos ser e estar, igualmente em qualquer tempo ou modo verbal. Perceba:
- O emprego não foi aceito pelo homem.
- Todas as exigências da compradora do imóvel foram aceitas pela imobiliária.
- Se os documentos não forem aceitos, o contrato não se validará.
Com a versão irregular aceito, é possível fazermos a flexão de número (aceitos, aceitas) e de gênero (aceita).
