A CONSTITUIÇÃO DE 1988
em 13 de Janeiro de 2018
Resumo: Ao analisar o ambiente escolar nota-se como os estudantes do Ensino básico são privados de alguns espaços, sendo privados por aqueles que deveriam incentivar o seu desenvolvimento intelectual: os professores e a equipe gestora. Os estudantes dessa forma ficam limitados a apenas a raros lugares da escola, como a sala de aula, o pátio e as quadras esportivas; sendo manipulados e usados por esses profissionais.
Os estudantes do Ensino básico – que corresponde o ensino fundamental e o ensino médio – são orientados desde o início de suas vidas escolares a sofrerem limitações no espaço físico das instituições de ensino. Esses alunos são segregados a utilizarem apenas algumas áreas do colégio, como as salas de aula, o pátio e as quadras esportivas, não conhecendo toda a estrutura física do colégio. Essa orientação condiciona aos estudantes a acreditarem que somente esses espaços físicos são permitidos legalmente para esse agrupamento social, além é claro de fomentar que somente na sala de aula os alunos poderão adquirir conhecimento com a ajuda de um professor – um conhecimento que também pode ser segregado pelo próprio profissional de ensino.
Entretanto, essa limitação espacial no ambiente escolar é constituída pelos próprios profissionais de ensino, seja professores ou a própria direção do colégio, que demonstram um certo receio da utilização dos espaços do colégio: receio da destruição do patrimônio da instituição, isto é, de acontecer alguma depredação ou algum tipo de vandalismo; receio de ocorrer um acidente ou uma fatalidade com os alunos – afinal, nem sempre existem funcionários de olho nos alunos em todos os lugares do colégio, ou apenas o receio dos estudantes descobrirem que existem lugares que eles podem usar na escola.
Mas é sabido que a educação também adentrou num processo de limitação, através de uma repetição de métodos consolidados no período medieval, na reprodução do conhecimento. Segundo Anísio Teixeira,
“A escola antiga era, com efeito, a oficina que preparava os escolásticos, isto é, homens de escola, homens eruditos, intelectuais, críticos...Objetivos, métodos processos, tudo passou nela a ser algo de muito especializado e, portanto, remoto, alheio à vida quotidiana e indiferente às necessidades comuns dos homens. (...) Movendo-se num círculo vicioso, essa raça de pedagogos não se preocupavam senão em passar adiante as mesmas coisas e os mesmos processos, que desse modo, repetidos noutras escolas, se conservavam em benefício da sociedade tradicional.”(TEIXEIRA,1957,p.13)
Caracterizando como essa educação não está acostumada a romper a limitações que ela própria impõe. Na relação professor-aluno evidencia essa segregação, apresentando como os limites se consolidam a cada aula dada, com as regras internas que são orientadas pelo professor, que não tolera o que é diferente da sua opinião. Um exemplo dessa limitação imposta é a oralidade dos alunos em sala de aula, que representa o início da desordem escolar. Sendo permitido somente quando não viola as ordens do professor. Assim, para Vani Moreira Kenski,
“(...) a oralidade do aluno em sala de aula, em muitos casos, só é permitida como ‘reprodutora’ da fala do mestre. A comunicação informal, a interação social encontra-se praticamente banida deste espaço. Ao aluno resta apenas a tarefa de verbalizar – geralmente e/ou por escrito – o conteúdo transmitido, quase sempre não na forma como o compreendeu, mas no sentido e no encaminhamento definido pelo professor”. (KENSKI, 2003, p.90)
Desse modo, a educação consolida-se como mera reprodução de algo, uma educação mutilada na sua essência, que já se inicia cercada de limitações em sua formação. Impedindo que os jovens educandos consigam ultrapassar essas barreiras impostas. Mas porque limitar e impedir o educando em formação? Por qual propósito teria essa ação? Muitos questionamentos, como esses, surgiram quando temos a oportunidade de indagar o processo educacional que estamos inseridos.
Pois, a área da educação está inserida em diversos projetos, e um deles é exatamente o de controlar e dominar os jovens passando-lhes poucas informações ou pouco acesso a elas. Assim, quando analisamos profissionais de ensino privando estudante de frequentar espaços dentro da escola ou privando os estudantes de aumentarem o seu conhecimento, percebemos essa ação não-educativa, mas ditatorial e de dominação. Essa ação acontece frequentemente, pois a nossa sociedade está a mercê de seres em constante luta de classes; pois como já diria Karl Marx e Friedrich Engels, “a história de toda a sociedade até nossos dias é a história de luta de classes.”(MARX, K.;ENGELS, F. 2002,p.23)
Do modo que a classe dominante tentará constantemente subjugar e rebaixar a classe dominada, num movimento de tentar impedir o avanço da classe mais baixa. No ambiente escolar, acontece na mesma maneira: só que os estudantes, por ainda estarem em processo de formação de seu conhecimento, estão sendo orientados conforme as necessidades e caprichos dos profissionais de ensino, que direcionam o seu trabalho, na intenção de controlar e dominar as ações desses estudantes, com o receio de não controle absoluto perante os menores de idade. Muitos profissionais de ensino convencem os estudantes de não conquistarem uma posição melhor ou simplesmente impedem o seu progresso intelectual, utilizando de táticas de festinhas e aulas sem o compromisso com o seu desenvolvimento, com o intuito de construir os limites instransponíveis para esse jovem. Assim, esse direcionamento consolida e salienta as privações no ambiente escolar, deixando o educando padecendo as normas impostas por esses profissionais. Criando com isso, estigmas de que os alunos devem, para atingir algum objetivo, seguirem as suas poucas orientações, privando-se de atingir outros lugares no ambiente escolar ou ainda por cima, privando de adquirir mais conhecimento. Reproduzindo assim velhas condutas pedagógicas, que sempre estarão transfiguradas de vestimentas novas, com a simples intenção de usar e manipular os estudantes das escolas.
Afinal, privar os alunos, seja ele do espaço físico ou intelectualmente, é provocar um trauma irreversível na formação do conhecimento desse ser em formação, podendo ser caracterizado como uma violação do direito do estudante de conquistar alguma condição superior, consolidando assim só a exploração e a submissão de um grupo perante outro. Dessa forma, os jovens – por ainda não possuírem muito conhecimento e direitos – são privados e manipulados por pessoas que almejam o seu não crescimento, pessoas estas que deveriam na sua essência incentivar o seu desenvolvimento intelectual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KENSKI, Vani Moreira. Memórias e Formação de Professores: interfaces com as novas tecnologias de comunicação. In: CATANI, Denice B.; BUENO, Belmira O.; SOUSA, Cynthia P.; SOUZA, M. C.C.C. Docência, memória e gênero: estudos sobre formação. 4ªEd. São Paulo: Escrituras Editora, 2003.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto do partido Comunista. Tradução de Sueli Tomazzini Barros. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2002.
TEIXEIRA, Anísio Spínola. Educação não é Privilégio. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1957.