A BOLHA ASSASSINA !

O gás carbônico também conhecido como “dióxido de carbono” é considerado um componente normal da atmosfera terrestre, embora seu teor varie conforme a época e o local. Por exemplo, num recinto fechado, onde haja um grande número de pessoas, o seu teor apresenta-se mais alto do que num ambiente aberto e bem ventilado. Por outro lado, no ar sobre uma cidade, o teor desse gás costuma ser mais elevado, em decorrência das atividades do homem.

A presença desse gás na atmosfera resulta, principalmente do fenômeno chamado pelos químicos de “combustão”.

Combustão é uma reação química de óxido-redução entre um combustível e um comburente acompanhada de produção de luz e calor.

Se o combustível for uma substância com carbono e o comburente o oxigênio, poderemos ter a formação de CO₂.

Exemplos: queima da madeira: queima do carvão; queima de derivados do petróleo (gás, gasolina, óleo diesel, etc...); queima do álcool.

A respiração dos animais e dos vegetais constitui outra fonte de gás carbônico atmosférico.

Outra fonte de gás carbônico são as águas naturalmente carbonatadas ou bicarbonatadas.

Um acidente ecológico natural e curioso ocorreu em um lago de águas naturalmente carbonatadas, num vale da República dos Camarões em 1986. Nessa região, o lago Nyos “arrotou” repentinamente uma gigantesca bolha de gás carbônico, que provocou a elevação momentânea do nível das suas águas em 25metros e alterou trágicamente a atmosfera normal do vale. Sendo uma vez e meia mais denso que o ar, o gás carbônico expulsou o ar da região, provocando a morte, por sufocação, de cerca de 1.700 habitantes e de todos os animais que ali viviam.

Vários processos controlam a quantidade de gás carbônico na atmosfera, determinando a sua retirada e incorporando-o a ambientes, seres vivos ou materiais existentes na crosta terrestre.

Dentre eles, destacam-se os seguintes:

1) fotossíntese, efetuada pelas plantas, envolve a difusão do CO₂ atmosférico para o interior da planta através de poros (estômatos) existentes na superfície das folhas, atingindo organelas chamadas “cloroplastos” nas quais ela ocorre.

2) os oceanos, solubilizam este gás em suas águas salgadas, uma vez dissolvidos, o CO₂ pode ser usado na fotossíntese por algas dos mais variados tamanhos, desde de microscópicas até gigantescas.

O gás carbônico dissolvido, em grande quantidade, nos oceanos, formam por outro lado carbonatos e bicarbonatos. Essas substâncias são metabolizadas por organismos vivos, que as utilizam na produção de estruturas para sua proteção e/ou suporte.

O CO₂ existente na água do mar também pode dar origem a precipitados de carbonatos de cálcio e magnésio que se depositam no fundo dos oceanos e, posteriormente, levam à formação de calcário que por alterações geológicas, podem se transformar em mármores.

3) dissolução na água das chuvas, deixando-a com pH = 5,6 e levemente ácida. Nas cavernas calcárias, ocorre a infiltração das águas superficiais ou de lençóis de água subterrânea, carregadas de bicarbonato de cálcio, que afloram no teto, de onde gotejam. Tais gotas, ao serem expostas no ar, perdem o gás carbônico dissolvido; assim o bicarbonato de cálcio volta à forma de carbonato, que, por ser insolúvel, se precipita, formando cristais de calcita.

No decorrer dos tempos, esses cristais fundem-se em grandes massas pendentes do teto das cavernas; trata-se das estalactitas, que assumem as mais variadas formas (colunas, cortinas, tubos de órgãos, figuras de animais, etc...). Por processo semelhante, as gotas de água carregadas de bicarbonato que caem no solo formam as estalagmitas.

CaCO_3(s) + H₂CO_3(aq) <=>Ca(HCO₃)_2(aq)

Ca(HCO₃)_2(aq) <=> CaCO_3(s) + H₂CO_3(aq)

ou seja, é um fenômeno químico reversível, logo podemos representar conforme abaixo

CaCO_3(s) + H₂CO_3(aq) <=> Ca(HCO₃)_2(aq)

* O ácido carbônico é uma substância muito instável e se decompõe quando em sistema aberto em água e gás carbônico conforme a reação:

H₂CO_3(aq) <=> H₂O_(l) + CO_2(g)