BEXIGAS DE PORCO NO LUGAR DE GARRAFAS

Um médico. Paracelsus e um industrial, Cavendish, ambos, mergulharam pedaços de ferro (Fe) em ácido sulfúrico (H₂SO₄) e observaram, como já outros haviam feito, a violenta efervescência de um gás incolor. Os resultados de suas observações, contudo, diferiram inteiramente. Paracelsus, um grande alquimista, verificou que o gás ardia com uma chama quente e azulada.

Cavendish iniciou a mesma experiência comprando todas as bexigas de porco do mercado londrino. Precisava de grandes quantidades delas, pois queria armazenar grandes quantidades desse gás incolor e efervescente, para poder estudá-lo e compará-lo com outros.

Dentro de um frasco de boca estreita despejou ácido sulfúrico (H₂SO₄), no qual mergulhou alguns pedaços de ferro (Fe). Tapou o frasco com uma rolha justa, atravessada por um tubo de vidro, na extremidade externa do qual amarrou fortemente uma das bexigas de porco. Pequenas bolhas apareceram na superfície do metal. Devagar a princípio, depois começaram a subir.

O frasco se aqueceu, tão intensa era a reação, e a bexiga de porco inflou com a quantidade grande de gás liberado.

Quando cessou a efervescência e a reação química chegou ao fim, Cavendish amarrou a bexiga, puxou a rolha e o tubo, lavou o aparelho e ajustou-lhe nova bexiga, pronto a repetir a operação. Na segunda experiência adicionou no frasco pedaços de zinco (Zn) em vez de ferro (Fe). O mesmo calor e a mesma efervescência. O gás seria o mesmo?

Repetiu a experiência usando estanho (Sn). Então retornou ao ferro (Fe), que mergulhou agora, em ácido clorídrico (HCl). Dos dois ácidos e dos três metais recolheu seis bexigas cheias de gás. Com muito cuidado introduziu um fino tubo de metal pela boca da bexiga, devidamente amarrada, e à medida que o gás se desprendia, tocava-se com uma de vela. Todos os seis arderam com uma chama quente e azulada.

Parecia que o gás era o mesmo, fosse qual fosse o ácido ou o metal de que provinha.

Mas Cavendish não se convencia tão facilmente. A extrema leveza desse gás o impressionara. Até mesmo a pesada bexiga de porco quase que flutuava no ar quando a enchia com o gás. Isto fez com que tentasse determinar se o gás oriundo de todas as seis experiências teria o mesmo peso. Pôs-se a pesar o ácido, o metal e a bexiga de porco antes de cada reação.

Embora muito mais leve que o ar, aquele gás incolor tinha um peso. Rigorosamente, Cavendish, determinou seu peso. Verificou a relação quantitativa entre o gás e os diferentes ácidos e metais.

Em seguida renovou a experiência com ácido nítrico (HNO₃) testando com outros metais. Descobriu que outros e diferentes gases se tinham produzido. Eram gases coloridos e não queimavam.

Henry Cavendish isolou o novo gás, ao qual chamou “ar inflamável”, sendo que o nome hydrogène (do grego hydro = água e genes = gerado ) ou seja, gerador de água, pois o gás hidrogênio (H₂) reage com o gás oxigênio (O₂) produzindo água, foi dado por Lavoisier.

Quase nunca é encontrado livre na natureza, pois, sendo muito mais leve que o ar, sobe para as camadas externas da atmosfera. O sol e as estrelas são quase que hidrogênio puro, e a fusão termonuclear dos núcleos de hidrogênio ilumina e aquece o Universo. O hidrogênio ocupa lugar de destaque entre as matérias-primas básicas do complexo industrial do nosso mundo, pois é combustível e um importante agente redutor.

Aqui está uma verdadeira pesquisa química. Primeiro o registro dos fatos, o maior número possível deles; depois a verificação e a comparação entre os mesmos.