O Teatro da Existência - Dalrymple e Francis - Resumo
Por: Samuel S.
15 de Março de 2022

O Teatro da Existência - Dalrymple e Francis - Resumo

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O Teatro da Existência - Theodore Dalrymple e Kenneth Francis

Capítulo 1 - O livro de Eclesiastes - Dalrymple
 Uma frase marcante desse livro é "vaidade das vaidades, tudo é vaidade". Tudo que fazemos nessa vida irá passar. Se não na geração seguinte, mas nos filhos de nossos filhos sim. Mesmo elementos de nossa vida perdem sentido com o passar do tempo, eventos de nossa infância impactantes na época hoje não fazem diferença alguma. Sendo mais mórbido, quando olhamos as várias tumbas nos cemitérios, percebemos que a memória é fugida. O materialismo que tanto focamos em nossa vida não é um fim em si mesmo. A pessoa que ama seu ouro não recebe deste amor em troca.

Capítulo 2 - Eclesiastes - Francis
 Os materialistas acreditam que o universo é como um rio, continua a fluir sem a existência ou mesmo cogitação da existência de um Deus. Implicam isso na existência do homem, onde a morte e a vida perdem distinção pois as duas não levam a nada.
 Quando comparado com os outros animais, em especial os gorilas, o homem mostra um comportamento anômalo: a busca por atividade. Ao se pesquisar o comportamento desses primatas, notou-se que eles ficam longos períodos sem fazer nada, atitude que humanos normalmente não tem, pergunta-se então se estes animais conhecem o tédio. A necessidade de novidade por parte do homem é o traço de um "gorila alienado". É como se os anseios do homem nunca pudessem ser respondidos por meio material.

Capítulo 3 - As Viagens de Gulliver, de Swift - Dalrymple
 A personagem Lilliput indica uma repulsa as funções corporais do homem, mas ninguém sente repulsa se não acredita que uma conduta melhor é possível, da mesma forma que nem sente repulsa por um clima ruim. A criação de quimeras e a falta de bom-senso são lições que normalmente não são aprendidas.

Capítulo 4 - "O Coração delator", de Edgar Allan Poe - Francis
 Um serial Killer do Reino Unido citou que parte do que fundamentou seu comportamento se devia a ver os seres humanos como animais que seguem o darwinismo, sem nenhuma dimensão transcendental. Poe desenvolve essas ideias em seu poema, onde um rapaz mata o homem que o recebeu em sua casa. Ele cita que nunca foi tão bom com o velho como na semana antes de matá-lo. O fim comum a todos os homens cria essa necessidade de loucura na mente de alguns. O assassino também cita que parte da sua vontade de matar o velho vinha de como os profundos olhos do senhor o fitavam, provavelmente uma alusão as janelas da alma que eles o são.

Capítulo 5 - O Estrangeiro, de Camus - Dalrymple
 Essa obra do autor data da época em que o mesmo participava da Resistencia Francesa. A falta de sentido numa missão de vida do personagem era um retrato do próprio autor.

Capítulo 6 - A Náusea, de Sartre - Francis
 Uma vez que só existe matéria, então porque apenas punir homens por suas atitudes. Afinal o fim de um homem não é o mesmo de um gato ou um pedaço de grama? Então porque não prender o gato que come um rato? Ou indiciar o pedaço de grama por crescer demais? Sartre dizia que só temos consciência especifica de nos mesmos quando temos noção de como nosso corpo aparece para o outro.
 Os materialistas, ou até mesmas pessoas mais fundamentalistas que eles, acreditam que só existe sentido no que é "dado" para a mente (o quadro de Monalisa só faz sentido do ponto de vista matemático). A solução para Sartre nessas situações é não agir de má fé e ser autêntico. Porém isso não é solução para nada. Quando entrevistado sobre o assassinato de bebês no Camboja, o carcereiro-chefe foi muito autentico em dizer que a culpa por todos os assassinatos foi dele, o que não fez seu ato ser menos monstruoso.

Capítulo 7 - "Uma história enfadonha", de Techkhov - Dalrymple
 Trata de um homem da ciência que não gosta de se relacionar com as pessoas próximas, porém se arrepende quando seu jeito odioso as afasta. Quando examina sua vida vê que nada do que fez faz muito sentido, nem mesmo na ciência teve bons resultados. Quando se pergunta o que gostaria de ter no momento, a única resposta que lhe vem à mente é mais daquilo que teve até agora (o que me faz pensar em vícios do ego e teorias psicologias atuais).

Capítulo 8 - Esperando Godot, de Beckett - Francis
 O mote do texto é: "Todos caem, mas é melhor com alguém que lhe ajude a levantar", tal qual está escrito nos salmos. Para definir uma vida sem sentido, temos o Teatro do Absurdo citado por Eugene Ionesco, onde absurdo é tudo que é desprovido de proposito, tal qual o homem sem metafísica. Para Francis, a frase mais emblemática da história é "No princípio era o Verbo", onde esse pode ser entendido como verdade, beleza, bondade etc, em última instancia, Godot é desprovido disso.

Capítulo 9 - Esperando Godot - Dalrymple
 Godot busca uma resposta ao seu vazio que na realidade não existe. Ele busca isso no começo da peça e sabemos que não encontrará.

Capítulo 10 - Perguntas e respostas sobre Esperando Godot - Francis e Dalrymple
 Francis pergunta a Dalrymple se as visões teologias de Beckett não carecem de sofisticação.  Ele finalmente cita que para o ateu depressivo é um fardo viver e não ter um fim último, mas para o cristão o fim último pode ser péssimo se não resolver as coisas direito aqui

Capítulo 11 - O Apanhador no Campo de Centeio
 O livro que foi citado pelo assassino de John Lennon trata da história de um adolescente banal que reclama dos adultos de sua família. Este é considerado é bíblia da angustia adolescente. É no mínimo curioso que um livro onde um jovem faz um monte de idiotices regado a drogas seja tão recomendado pelos professores sem a mídia dizer nada contra isso. Holden, o personagem principal, é o típico adolescente que quer salvar a humanidade, mas não arruma o próprio quarto. Sonha que está protegendo crianças de cair de um penhasco, tal qual a representação de um estado-babá. Como dizia C.S. Lewis: "De todas as tiranias, uma tirania exercida pelo bem de suas vítimas pode ser a mais opressiva [...] pois fazem isso com a aprovação de sua consciência". Chesterton dizia que o homem deve ser livre para estragar a própria vida se quiser, qualquer coisa diferente disso o faria semelhante a um cachorro.

Capítulo 12 - A morte do Rei, de Ionesco - Dalrymple
 A peça se trata de um Rei que está prestes a morrer, após ter postergado sua morte por muitos anos. Ela foi encenada em 1962 e mostra bem o espirito da época em que vivemos: pessoas acham que estão no controle de tudo, inclusive de sua própria morte e faz com que ele tenha ressentimento contra esses limites. Ou seja, situações naturais da vida são vistas como injustiças. A arte de morrer (ars moriendi) foi perdida, como se fosse algo opcional. Sua ex mulher diz que ele age como se fosse a primeira pessoa a morrer, sua atual diz que todo mundo é sempre o primeiro a morrer, mostrando duas facetas da morte que não são completamente falsas nem verdadeiras. Quando o Rei conversa com a faxineira real, essa cita vários problemas em estar vivos que, para o Rei, em face a morte, surgem como delicias. O próprio guarda reza para "o nada" ajudar o Rei, como se o nada tivesse qualquer ação possível.

Capítulo 13 - A Lição, de Ionesco - Francis
 Nos dias atuais as universidades são vetores de uma baixa cultura associada a lacração e cancelamentos, onde defender a liberdade de expressão virou um crime. Quem não segue a cartilha acaba perdendo seus meios de se sustentar e, por consequência, de continuar expondo suas ideias tornando assim as pessoas mais dóceis e fáceis de manipular.
 A história A Lição se trata de um professor um tanto materialista que recebe uma aluna em casa e, ao receber respostas idiotas dessa aluna burra, acaba tornando-se violento com ela. Ao fim do livro acaba a matando. Esse nivelamento por baixo que ocorre nas escolas e universidade é fruto dessa cultura onde ninguém pode se sentir mal ou "microagredido". Chegará o dia onde mesmo a matemática sofrerá de manipulações ideologias, pois a razão e a lógica são armas da burguesia. Engrenagens do estado não precisam ter pensamento crítico verdadeiro. Camille Paglia cita que questionar a autoridade era o padrão na década de 50 e 60, mas hoje em dia a manipulação do estado e das mídias tornou todos conformistas com medos de que se distinguir muito da massa possa os fazer mal. Em 1984, de George Orwell, o agente do estado obriga, por meio da força, que o protagonista Winston a dizer que está vendo 5 dedos quando vê na verdade 4, que, salvo as devidas proporções, é o mesmo que temos hoje em dia na sociedade e na escola.

Capítulo 14 - "Aubade", de Philip Larkin
 O autor descreve a frustação com pessoas que gastam seu tempo sem fazer nada de util. O próprio trabalho se torna uma forma de não se tornar uma dessas pessoas. Ele trata o tema da morte de forma séria, onde é desse medo que surge toda a vontade de vida.

Capítulo 15 - Um Dia na Vida de Ivan Deníssovitch, de Soljenítsin - Francis
 O autor desse texto é conhecido por ter escrito "Arquipélago Gulag", um livro que conta a crueldade do comunismo soviético por quem o viveu de perto. Nessa outra obra ficcional ele discute as causas que levaram a tamanha violência contra a dignidade humana. Num discurso ele cita que é difícil explicar o motivo, mas se pudesse resumir diria que é porque os homens esqueceram de Deus. Nos dias de hoje, esse fenômeno acontece com ainda mais velocidade por meio dos justiceiros sociais da internet. As pessoas, tal qual hienas, se adaptam a se alimentar de coisas podres. Esse envolvimento pela maldade, com uma dose de materialismo, promove a mistura que nos faz colocar em pé de igualdade a morte de um frango e de um feto.
 Embriagados pelo próprio ego e por sonhos de pureza, as pessoas não enxergam o próprio mal dentro de si. Soljenítsin escreveu que vivemos numa época que tempos atrás seria considerado o apocalipse, porém até gostamos disso. O mundo só será salvo depois de ser possuído pelo demônio do mal. Sem a existência de Deus, tudo vira material. As pessoas não têm um motivo claro de entender para não praticar mal caso tenham o poder para tanto. O poder, a fama e a fortuna se tornam o novo Deus, sendo que era comum uma época em que mesmo na Rússia uma boa vida era caracterizada por um modo piedoso de viver.
 Foi o autor russo Dostoievski que percebeu que toda revolução, como a francesa que destruiu a fé, igrejas e uma série de vidas e famílias, só pode começar com as consequências do ateísmo. Soljenítsin diz que para destruir uma civilização são necessários cerca de 15 anos, pois é o tempo de educar a nova geração em materialismo.

Capítulo 16 - Hamlet, de Shakespeare - Dalrymple
 Num trecho da peça Hamlet reclama com Guildenstern sobre a falta de capacidade deste tocar uma flauta mas supostamente entender a cabeça de Hamlet.

Capítulo 17 - A "Parábola do Louco" de Nietzsche - Francis
 O louco supostamente representa o próprio autor, que sofre zombaria dos ateus da vila (a intelligentsia dos dias atuais) por notar as consequências ruins de se matar Deus. O que é pior que viver perto de um esgoto aberto? É já ter se acostumado com o cheiro péssimo. Estamos acostumados com a desgraça que vivemos, e os políticos se aproveitam disso, pois um povo desmoralizado é mais fácil de controlar.
 Será que Nietzsche teria aprovado o super-homem se soubesse das consequências que esse materialismo causou as pessoas (muito longe de um homem superior, nos tornamos em maricas dependentes do estado e da aprovação de terceiros). O próprio super-homem é possível num mundo materialista, sem escolha própria e sem Deus?

Capítulo 18 - "A Segunda Vinda", de Yeats - Dalrymple
 A crença religiosa está em declínio, e o autor acredita que seja devido a uma "livre interpretação” dos textos. O mesmo aconteceria com o islamismo caso isso fosse permitido. 
 Na sociedade de hoje, a única coisa que importa para a pessoa medianamente inteligente é o sucesso. E sucesso nunca é suficiente. Sendo assim, como esse ideal utópico nunca é atingido, sobra para a pessoa a luta por causas sociais que, quando atingidas, são imediatamente substituídas por outras. Essa luta nunca tem fim, para o indivíduo não importa vencer, importa apenas lutar, pois com a constante luta, deixasse de lado questões internas mais importantes, como sentido e proposito. Um exemplo desse tipo de vida foram os jovens de 68 na França, que viram seus pais tendo realmente motivos para sofrer e lutar. A partir disso buscaram um simulacro de luta e sofrimento (quando comparado com a Segunda Guerra Mundial) pois a vida numa sociedade pacifica e prospera não era o suficiente para alimentar seus sonhos juvenis. Vemos muita semelhança dessas pessoas com os jovens de hoje em dia, que procuram as brigas mais idiotas e sonoras, na segurança de estarem atrás das telas de seus smartphones.

Capítulo 19 - Casa de Bonecas, de Ibsen - Francis
 Conta a história de uma mulher que vivia numa família perfeita, mas mesmo assim se sentia infeliz e por isso abandonou marido e filhos. Vemos a semelhança com o discurso que é dado a todas as mulheres hoje, que elas têm o direito de ser felizes. Para algumas, esse direito vira um dever, as fazendo nunca alcançar a felicidade pois não há nada mais infeliz que buscar como fim a felicidade, uma vez que essa deixa de existir justamente quando alcançada. As redes sociais corroboram essa narrativa, mostrando pessoas felizes o tempo todo, mulheres mais afetadas por esse tipo de demonstração social acabam se sentindo vítimas, acreditando que apenas devem ganhar da sociedade, e nunca serem responsáveis por nada, sendo que é da natureza do casamento e da família essa divisão de responsabilidades.
 Mulheres se tornaram escravas da condição de vítimas, se tornando pessoas muito desagradáveis de se lidar em muitos casos. A simples socialização com algumas mulheres se torna prejudicada por todo esse arcabouço de chavões que surgiram por causa das feministas. Elas próprias acabam se afogando nessa narrativa, acreditando que qualquer atitude do homem esconde algum machismo. Christina Hoff distingue as feministas de igualdade e as feministas de gênero, essas ultimas tentam usar o sistema educacional para destruir a cultura masculina.
 Primeiras feministas, como Amelia Earhart e Katharine Hepburn eram individualistas que admiravam os homens por sua engenhosidade e coragem, diferente das feministas atuais que passam o dia reclamando sobre as atitudes destes. A destruição da família vem como consequência dessas atitudes, justamente por isso em países da Escandinávia as pessoas são tão atomizadas e dependentes do estado de bem-estar social.

Capítulo 20 - A Morte de Ivan Ilitch, de Tolstói - Dalrymple
 Nessa obra um rapaz que se preocupava muito com a opinião alheia acaba adquirindo câncer justamente quando preparava sua asa para receber pessoas. As pessoas deixam de tratar da morte com ele, não por consideração ao homem, mas sim por não quererem lidar com esse fato "tão pesado" a essas pessoas. Fato que não deveria ser, pois é algo natural, porém hoje é visto como uma anomalia pelas pessoas que querem ter controle de tudo.

Capítulo 21 - "Os mortos" de Joyce - Francis
 Trata de um rapaz que pensa sobre a morte após sua namorada ficar triste ao lembrar de um antigo namorado que morreu jovem. Surge a discussão se não vale morrer jovem, mas pelo menos se tornar uma memória corajosa e não simplesmente definhar com o tempo. Este realmente destrói a carne, porém para os cristãs, existem a redenção no céu, o mesmo não pode se dizer dos materialistas.

Capítulo 22 - "A praia de Dover" de Matthew Arnold
 Cita que fazer o cristianismo uma espécie de jornalismo do passado não é algo saudável para a crença, apesar de que esse foi elemento primordial para fazer deste uma religião, e não apenas uma filosofia como várias outras. Posteriormente o autor propôs que acultura poderia servir de substituto para a religião, mas com certeza não para todo o tipo de pessoa.

Capítulo 23 - O Salário do Medo, de Georges Anaud - Francis
 Nesse filme um grupo de homens niilistas vai apagar um incêndio. É um filme de tensão em que os bombeiros são niilistas. Há muito de Sartre e Camus em suas falas. No fim o protagonista Mario morre, e apesar de sua brava tentativa de sobrevivência, o filme dá a entender que de nada restou uma vez que não existe pós-venda. A pergunta que fica é se o autor do filme pensava num Deus teísta demoníaco ou num Deus que sentia nojo de sua criação.

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Samuel S.
São Paulo / SP
Samuel S.
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Doutorado: Física (Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA))
Professor doutor pelo ita e pós-doutor em física-matemática, com mais de 10 anos de experiência. Gravamos a aula de graça para você assistir depois!
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