A igreja católica em Cuba
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Por: Thereza R.
11 de Janeiro de 2025

A igreja católica em Cuba

A igreja católica e o Estado no início do governo revolucionário em Cuba (1959-1976)

História História Moderna e Contemporânea América

A igreja católica e o Estado no início do governo revolucionário em Cuba (1959-1976)

 

Introdução

Quando comparada com outras partes da América Latina, Cuba apresenta uma baixa adesão ao catolicismo. Analisando a partir do momento histórico atual, o caminho mais simples para explicar esse fenômeno seria a partir da revolução de 1959, que por seu caráter marxista promove uma sociedade atéia. No entanto, a relação de Cuba com a religião católica já era digna de estudos por suas singularidades em relação aos territórios vizinhos muito antes do processo que instaurou o comunismo na ilha. Portanto, o presente trabalho propõe um olhar para a relação entre a igreja católica e os primeiros anos do governo revolucionário, analisando seus movimentos de aproximação e afastamento, considerando a influência soviética e do ateísmo marxista, mas também das relações internas e externas que ultrapassam o aspecto político e ideológico envolvendo essas duas instituições. 

Pensando nisso, ao longo do trabalho é utilizada a perspectiva de pensar no mundo moderno como intrinsecamente conectado. Portanto, as questões internas e externas se influenciam mutuamente, sem excluir a autonomia de ação local. Ao analisar a relação entre Estado e igreja em Cuba é importante pensar no histórico desse relacionamento e quais aspectos devem ser atribuídos às transformações causadas pela Revolução e quais, por outro lado, são reflexos de como o povo Cubano se relaciona com a fé e com a política.  

O catolicismo cubano pré-revolucionário

  Para compreender os rumos dessa instituição durante o governo de Fidel, é preciso destacar o papel que ela ocupava antes do movimento revolucionário. Como qualquer análise de uma sociedade moderna, é necessário considerá-la inserida no contexto mundial. Essa afirmação é especialmente verdadeira em se tratando da igreja católica, instituição internacional, que passava, no momento da Revolução, por uma crise muito maior do que apenas a baixa participação do povo cubano. A necessidade de integrar a igreja a um mundo moderno de rápidas e profundas mudanças era um fenômeno geral, como foi demonstrado pelo Concílio Vaticano II. Este foi um conselho de autoridades eclesiásticas, convocado pelo Papa João XXIII que se encontrou para deliberar mudanças para modernizar a Igreja e conectá-la com os seus fiéis que se viam cada vez mais afastados de uma instituição não condizente com os novos tempos. Apesar de ter início de fato em 1962, o Concílio foi convocado em 1959, demonstrando que nessa época já havia uma necessidade de mudança que era sentida pela própria igreja e demonstrada pelo afastamento dos fiéis em relação à congregação não apenas em Cuba.

Pensando agora no contexto interno, a religião em Cuba deve ser analisada enquanto fenômeno formado pelo sincretismo e multiculturalismo. A utilização da escravidão como modo de produção adotado durante a colonização garantiu uma forte presença africana na ilha e, diferentemente de outras partes da América Latina, houve pouca ênfase na catequização desses povos. Isso não quer dizer uma aceitação das religiões de matriz africana, ao contrário, estas sofrem forte discriminação. Porém, o próprio preconceito que levou à falta de acolhimento, mesmo que visando controle, dos escravizados nos espaços católicos resultou em uma adesão apenas superficial à igreja por grande parte dessa população. 

  Entretanto, a conexão com a igreja católica permanecia forte em parte das elites, em sua maioria, espanholas. O clero, intimamente influenciado por um conservadorismo espanhol, tinha pouco espaço para a população local, mesmo se tratando da elite branca. Como consequência, a igreja já se encontrava fragilizada no que diz respeito ao seu papel naquela sociedade a partir do processo de independência de 1898, marcadamente nacionalista e, em grande parte, favorável a uma sepoaracao entre Estado e igreja. Sendo assim, desenvolveu-se para grande parte da ilha uma religiosidade pouco ortodoxa e institucional que influenciou o sentimento anticlerical que o novo regime instituiu nos seus primeiros anos a partir da revolução de 1959. 

Religião ou Revolução? (1959-1962)

O modelo sovietico que inegavelmente influenciou a experiência cubana foi um regime altamente anti-clerical. Nos primeiros anos do regime de Fidel Castro, parecia ser esse o rumo tomado pelo recém formado governo revolucionário. Contudo, as últimas décadas do século XX contaram com uma aproximação mútua entre as duas instituições. Esse fato demonstra que religião e revolução não eram incompatíveis e levanta a questão de se foi de fato feita a escolha por um governo cada vez mais ateu? E se sim, por que?

Enquanto a revolução ainda não havia assumido o controle do Estado, os rumos que ela tomaria eram ainda incertos. O Movimento 26 de julho fundado em 1954 não era socialista. Caracterizava-se por sua falta de identificação com uma classe específica, permitindo apoio de parte da elite e da classe média cubana. Porém, depois de sua vitória ele começa a tomar forma enquanto projeto político claro e delimitado. O regime de Fulgencio Batista é derrotado dia primeiro de janeiro de 1959, porém o caráter soialista do novo governo revolucionário só é declarado publicamente por Fidel Castro dia dezesseis de abril de 1961 em um discurso realizado pelo líder denunciando o bombardeio de aeroportos cubanos realizado por estadunidenses infiltrados:

“É isso que eles não podem nos perdoar, que estejamos bem debaixo de seus narizes e que fizemos uma Revolução Socialista bem debaixo do nariz dos Estados Unidos!”

Não é possível afirmar que um projeto socialista só começa a ser considerado apenas a partir desse discurso. Antes disso, o governo revolucionário já demonstrava contatos amigáveis com o partido comunista cubano e com o regime sovietico. Em 1959 Fidel se aproxima dos delegados comunistas no décimo Congresso Nacional do Trabalho. Ademais, em 1960 assinam um acordo comercial com a União Soviética após a visita do líder sovietico Anastas Mikoyan e estabelecem relações diplomáticas, o que, por sua vez, leva a intensificação do rompimento com os Estados Unidos e influencia o início de ataques deste último ao governo de Cuba. 

No entanto, existia ainda uma disputa de narrativas e linhas políticas dentro do próprio governo revolucionário. Levando em conta a participação ativa da classe média no processo contra Batista, o primeiro gabinete formado em 1959 continha com representantes dessa classe, alguns deles liberais, apesar de terem participação limitada no regime, subjugados à figura de Fidel Castro. Analisando a partir do presente fica claro que não tiveram ação efetiva contra a vertente socialista, todavia, se juntaram ao governo esperando ter influência nas decisões, demonstrando que na época o socialismo ainda não era visto como única opção para o governo recém estabelecido. Além disso, a oposição com mais peso foi a da igreja católica. A partir do segundo ano do governo revolucionário a igreja e o novo regime se viram em lados opostos do espectro político. Em 1960 foi enviada uma carta pelos os bispos que faziam parte do Episcopado Cubano, que foi divulgada nas igrejas ao longo do país afirmando que:

 “No se le ocurra, pues, a nadie venir a pedirles a los católicos en nombre de una mal entendida unidad ciudadana, que nos callemos nuestra oposición a estas doctrinas, porque no podríamos acceder a ello sin traicionar nuestros más profundos principios. Contra el comunismo materialista y ateo está la mayoría absoluta del pueblo cubano, que es católico y que solo por el engaño y la coacción podrían ser conducidos a un régimen comunista”

Ainda em 1960 ocorreu o que ficou conhecido como “operação peter pan”. Esta foi influenciada pela preocupação da igreja e parte da população de fiéis com as mudanças sociais e culturais que resultam da consolidação de um Estado comunista, como expresso na carta supracitada. Essa operação é relevante, pois consiste em uma ação conjunta entre o clero cubano e agências governamentais estadunidenses para retirar crianças de Cuba, com consentimento dos pais, para se refugiar nos Estados Unidos. Nesse sentido, demonstra uma simpatia maior, mesmo que por necessidade, entre o clero cubano e os Estados Unidos do que com o governo de Cuba, clero esse, já historicamente associado a um poder estrangeiro, antigamente espanhol, e pouco conectado com a população local. 

Mais adiante em 1961, uma procissão em homenagem a padroeira do país, Virgem da Caridade do Cobre, que aconteceu em Havana, se transformou em uma demonstração  religiosa em um protesto contra a medida do governo de deportar um bispo e 131 padres para a Espanha. Ainda em 1961, o governo liderado por Fidel Castro determina uma medida de laicização da educação cubana. Como consequência os colégios católicos não são mais autorizados a funcionar, enfraquecendo a igreja católica enquanto instituição determinante na fé e na cultura do povo, já que agora tinha uma educação que não passava mais pela moral e os ensinamentos católicos. Além disso, afeta também a arrecadação financeira das igrejas por meio desses colégios católicos, agora expropriados.

Samuel Farber ao realizar uma síntese da relação entre Cuba e os Estados Unidos, aborda o questionamento de se as ações estadunidenses em relação à revolução fossem mais acolhedoras do que belicosas poderiam ter evitado a guinada ao comunismo por parte do regime de Castro. Sua conclusão é que esse questionamento se torna irrelevante se considerarmos que, declaradamente comuista ou não, as ações tomadas pelo governo, principalmente a partir de 1960, eram incompatíveis com a política dos Estados Unidos na época. Ao realizar o mesmo caminho lógico, mas tendo a igreja e sua relação com o governo castrista como protagonista, percebemos que esse não era o caso para essa instituição. Portanto, a oposição entre as duas instâncias de poder deve ser pensada enquanto conjuntura momentânea.

Economia cubana a partir da segunda metade da década de 1970 e aproximação da União Soviética

Durante a década de 1960 o governo cubano gozava de certa autonomia em relação à União Soviética. Em 1964, por exemplo, os representantes cubanos abandonaram a Conferência dos Partidos Comunistas Latino Americanos, que aconteceu em Havana, por divergências com os demais delegados. Além disso, na segunda metade da década de 1960 o governo de Castro apoiou lutas armadas latino americanas apesar da resposta negativa do partido bolchevique. Já na década de 1970 esse cenário começa a mudar, o que impacta, entre outras coisas, a relação dos cubanos com a religião. 

A forma como o regime bolchevique tratava do partido e da revolução comunista, apesar de apresentar muitas mudanças na sociedade tradicional, preserva aspectos do simbolismo catolico. O comunismo é visto como algo que está acima dos homens e se apresenta de forma onipresente. Pensando nisso, ele rivaliza com o catolicismo, buscando tomar seu lugar na mentalidade naquela sociedade. Esse processo é interessante por explicar um movimento pela transformação da sociedade, excluindo violentamente o catolicismo, mas, ao mesmo tempo, demonstrando permanências:

“Vários aspectos da cosmovisão cristã ortodoxa foram contrabandeados pelo projeto bolchevique de construção do homem novo e do socialismo. Dentre eles, vale destacar o ascetismo, dogmatismo, capacidade de suportar sofrimento, sacrifício em nome de uma fé (revolucionária) e o gosto pelo transcendente ainda que no imanente histórico.”

O final da década de 1960 e início de 1970 é marcada por uma aproximação de Cuba da União Soviética. Para explicar esse fenômeno é preciso pensar nos contextos, tanto internacional como local. O período do estabelecimento do governo revolucionário foi marcado pela Guerra Fria e a disputa por hegemonia mundial de dois blocos polarizados, Estados Unidos e União Soviética, bem como de dois modelos políticos, respectivamente capitalismo e comunismo. Sendo assim, uma mudança de regime em uma área de influência dos Estados Unidos desperta o interesse de ambos os pólos, os EUA em busca de manter seu controle e a URSS em rivalizar com seu inimigo.

Para compreender essa aproximação é importante também considerar a situação econômica interna de Cuba. Esta contava com uma economia fortemente baseada na agricultura e pecuária, mais especificamente gado e açúcar. Para o sucesso dessa empreitada, os cubanos dependiam fortemente do auxílio sovietco, que se compromete, em 1964, a aumentar sua compra de açúcar para cinco milhões de toneladas anuais entre 1968 e 1970. Sendo assim, o plano de Fidel era produzir dez milhões de toneladas de açúcar até 1970, metade seria comprada pela União Soviética e o resto vendido para o mercado mundial. Essa meta nunca foi alcançada e a verba deslocada para esse setor na segunda metade da década de 1960 deixou os grupos ligados a outras áreas de produção, subdesenvolvidos. A crise econômica do regime resultou em uma aproximação maior do bloco sovietico, como demonstra a entrada de Cuba como membro do Conselho de Ajuda Mútua Econômica (Came) em 1972. 

No entanto, a semente revolucionária de Cuba existia desde muito antes da Revolução Russa e trazia consigo reflexos da sua origem mesmo depois de sua aproximação com o governo comunista soviético. Ao longo de todo o movimento e governo revolucionário fica clara a importância de José Martí como símbolo e inspiração. Sendo assim, para entender a relação entre Religião e Revolução em Cuba, é preciso antes entender a interação entre ruptura e continuidade no processo revolucionário cubano. O termo “revolução” normalmente está atrelado apenas à mudança, mas quando analisado demonstra uma forte conexão com um resgate da tradição cubana. Quando questionado após a tentativa falha de tomar o quartel Moncada em 1953, Fidel Castro cita José Martí como referência para o seu movimento. A exaltação pública dessa figura como sua inspiração demonstra já nos primórdios de formação da revolução uma valorização de um passado que indicaria caminho a ser seguido no presente e futuro. Depois do estabelecimento do governo socialista dia 19 de maio de 1977 foi criado o Centro de Estudos Martianos (CEM) para estudar o pensamento de José Martí e relacioná-lo com o projeto socialista em curso. Em 1968, Fidel Castro se refere a Martí como: “O mais genial e o mais universal dos políticos cubanos”. Portanto, fica claro que ao longo do processo revolucionário cubano houve a tentativa de atrelar o movimento liderado por Fidel Castro àquele que José Martí iniciou no processo de independência de Cuba, mas se viu incompleto devido à continuidade da subordinação da ilha, não mais a Espanha, e sim aos Estados Unidos. 

José Martí foi um grande agregador do pensamento popular no sentido de uma Cuba livre, revolucionária e capaz de valorizar sua cultura nacional. Nesse sentido, deixou de legado as bases sobre as quais se montou a revolução de 1959. Apesar de Martí defender uma educação laica e separação entre igreja e Estado, além de criticar fortemente o catolicismo enquanto propagador do colonialismo, a influência  de uma religiosidade não institucional em seu pensamento vai além da sua crença pessoal, invadindo a própria filosofia que norteia seu pensamento revolucionário. Assim, é inegável que o aumento da dependência econômica em relação a União Soviética influencia uma política anticlerical na ilha. No entanto, a forma como essa crítica a igreja é estabelecida está também fortemente influenciada pelo pensamento de Martí, contra o papel imperialista da igreja, mas que afirma a importância da religiosidade. 

Aproximações: Fidel, a igreja e o catolicismo latino americano

O ambiente de tensão entre essas duas instituições nos primeiros anos do governo criou uma oposição entre “religião” e “revolução” para o povo cubano a partir do início da década de 1960. Oposição essa, no entanto, que não se mostrou como caráter imutável do regime revolucionário ou da hierarquia do clero local. Um movimento de aproximação por parte da igreja se torna claro a partir de uma carta da pastoral denunciando o imperialismo estadunidense:

"We denounce this unfair blockade situation, which contributes to add unnecessary suffering and render more difficult the search for development. We appeal, therefore, to the conscience of those who are in a situation to solve it, so that they may undertake firm and effective actions to bring this measure to a halt."

 Enquanto em Cuba a igreja se via afastada da classe popular, nos demais territórios latinos ela apresentava grande força. Pensando nisso, um movimento de identificação promovido por Fidel fica claro na sua insistência em tratar do tema e afirmar seu comprometimento com o catolicismo não burguês em discursos fora do território cubano. Foi este o caso em sua visita ao Chile em 1971, quando se encontrou com os integrantes do movimento “Cristianos por el Socialismo”, mais adiante convida 12 sacerdotes desse movimento para conhecer Cuba. Nesse mesmo encontro com o grupo “Cristianos por el Socialismo”, Fidel, quando questionado sobre o papel dos cristaos na revolução, aponta para a importância das reformas internas na igreja católica que iam além do contexto cubano. De acordo com ele, um momento de inflexão nas relações entre os socialistas revolucionários e cristaos revolucionários estão relacionadas às mudanças empreendidas pelo Papa João XXIII. As alterações provocadas como consequência desse novo posicionamento da igreja permitiu, de acordo com Fidel, a criação de uma vertente revolucionária dentro da própria igreja, contrária à exploração capitalista. O Papa publicou uma série de encíclicas e convocou o já mencionado Concílio Vaticano II, que apontavam para uma igreja mais engajada com os problemas sociais e aberta ao diálogo com os não criastaos, no lugar de um anticomunismo desumanizante. Essa defesa do diálogo teve resultados concretos, com uma aproximação diplomática entre o Vaticano e a União Soviética. A mudança de posicionamento fica clara, também, na encíclica publicada logo após a crise dos mísseis com o nome de “Pacem in Terris”:

“A pessoa que erra não deixa de ser uma pessoa, nem perde nunca a dignidade do ser humano, e, portanto, sempre merece estima. (...) Os encontros nos vários setores da ordem temporal, entre católicos e pessoas que não têm fé em Cristo ou têm-na de maneira errônea, podem ser para estes ocasião ou estímulo para chegarem à verdade”.

Resumir a escolha de regime político do governo revolucionário a apenas uma resposta mecânica às condições financeiras e políticas impostas externamente ignora a importância das relações internas e da autonomia de pensamento e ação dos líderes que conduziam política e intelectualmente essa revolução.  

Conclusão

Existe uma tradição historiográfica que considera Cuba como receptora passiva das dinâmicas internacionais, porém resumir a escolha de regime político do governo revolucionário a apenas uma resposta mecânica às condições financeiras e políticas impostas externamente ignora a importância das relações internas e da autonomia de pensamento e ação dos líderes que conduziam política e intelectualmente essa revolução. Fidel Castro teve uma criação católica e carregava consigo essa história. Ademais, o imaginário revolucionário cubano, não só de Fidel e dos líderes da revolução, mas também do povo que a apoiou passava pela memória do pensamento de Martí, mantendo assim uma religiosidade, mesmo que não intrinsecamente institucional. 

Ao mesmo tempo, a igreja católica enquanto instituição, em Cuba não era tão forte quanto nos outros países da América Latina, com as cartas denunciando o imperialismo estadunidense, como forma de aproximação do governo, fica claro que sua capacidade de oposição foi relevante, mas não o bastante para suprimir o sentimento revolucionário. Esse processo ocorreu de forma semelhante ao redor do mundo, levando a igreja uma posição mais acolhedora de diferentes pontos de vista. 

Assim, os movimentos de aproximação e afastamento entre a igreja e o governo foram mutáveis ao longo da parte do regime analisada no presente trabalho, apontando para uma relação dinâmica que leva em conta a relação específica entre essas duas instituições ao longo da sua história, que vai além da revolução ou da aplicação soviética dos princípios marxistas. O socialismo de Cuba, por mais que influenciado pelo modelo sovietico, em nenhum momento se resumiu a uma cópia dele, muito menos se optou pelo comunismo apenas como reação ao bloqueio estadunidense. Todas essas relações dependem também dos líderes cubanos, do povo e do papel historicamente desempenhado pela igreja na ilha, além das condições materiais que foram julgadas necessárias para preservar a revolução, por parte do governo, e preservar a moral e cultura cristã por parte do clero local, aliado às dinâmicas internacionais. 

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RAMÍREZ CALZADILLA, Jorge. "Religión, cultura y sociedad en Cuba." Papers: revista de sociología 52 (1997)

Thereza R.
Thereza R.
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