Último credo
Como ama o homem adúltero o adultério
E o ébrio a garrafa tóxica de rum,
Amo o coveiro – este ladrão comum
Que arrasta a gente para o cemitério!
É o transcendentalíssimo mistério!
É o nous1, é o pneuma2, é o ego sum qui sum3,
É a morte, é esse danado número Um
Que matou Cristo e que matou Tibério!
Creio, como o filósofo mais crente,
Na generalidade decrescente
Com que a substância cósmica evolui...
Creio, perante a evolução imensa,
Que o homem universal de amanhã vença
O homem particular que eu ontem fui!
ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.
Glossário
1 Nous: intelecto.
2 Pneuma: espírito.
3 Ego sum qui sum: “Eu sou quem sou”. Palavras de Deus a Moisés (Êxodo III, 14), quando o enviou para libertar o povo de Israel no Egito.
O poema “Último credo” é representativo da obra poética de Augusto dos Anjos, já que o eu lírico
(A) discute sobre o amor e a figura de Cristo apresentando-os como meios de uma crença salvacionista.
(B) nega que a vida normaliza o caminho para a morte e que aos homens só lhes resta a anuência.
(C) emprega uma linguagem erudita para narrar o apodrecimento inevitável do corpo humano.
(D) utiliza termos de cunho científico que dão ecos de características naturalistas ao poema.
(E) evidencia a dualidade vida/morte apresentando-a como algo inerente ao ser humano.
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