Nem o mercado está pronto para o novo mercado.
Por: Wilson L.
31 de Agosto de 2020

Nem o mercado está pronto para o novo mercado.

O mercado está no meio de uma mudança de milênio, que trás mudanças drásticas nas relações de trabalho. O que está acontecendo?

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FATO vem do latim FACTUM que significa: feito. E por estar feito de fato o fato é feito verdade, sendo de fato um fato e não boato. E o fato de que a criatividade subiu da 10ª posição para a 3ª no ranking das 10 habilidades[1] mais esperadas nos profissionais pelas grandes empresas e empresários no mercado mundial, além do crescimento da busca por profissionais mais criativos no mundo todo, de acordo com pesquisa realizada pelo LinkedIn[2], são fatos que precisam ser compreendidos como efeitos (antecipatórios) e não como causas de um fato concreto de fato.

Gráfico com os resultados da pesquisa feita pelo LinkedIn com empresários: 1º Criatividade; 2º Persuasão; 3º Colaboração; 4º Adaptabilidade; 5º Gerenciamento do tempo.
  • Fonte do gráfico: World Economic Forum via LinkdeIn. [2]

Se preparando para enfrentar o desconhecido

Mas um fato pouco pensado é que nem mesmo as empresas que buscam por esses profissionais "prontos" para o novo mercado de trabalho sabem exatamente o que poderão enfrentar daqui a 10 anos. E, justamente, por ser difícil prever o que virá é que essas empresas procuram por profissionais com capacidade de "se virar" em situações inusitadas e desafiadoras e/ou que consigam resolver problemas complexos (problemas novos, que surgirão sem o tal manual com respostas prontas e automatizadas).

O que todos temos são previsões feitas com base no que já se sabe, mas o futuro nos promete muitas novidades e, provavelmente, acompanhadas de surpresas bem maiores do que as ocorridas nas revoluções industriais anteriores.

  • "A cada revolução industrial, a produtividade e a necessidade de novo profissionais para as novas funções assumiam patamares superiores aos de períodos anteriores. Isto também vem ocorrendo nesta Era da Informação, porém de uma forma muito mais veloz e também mais participativa e integrada" - Manuel Castells, 1999 [3]

O que venho lendo a respeito da 4ª Revolução Industrial, quase sempre, vem carregado de otimismo e de um discurso que procura acalmar os ânimos e medos sobre as mudanças que virão. Nos últimos 7 anos vimos surgir novas profissões, produtos, serviços e ocorrer algumas mudanças em profissões, antes, consideradas estáveis. No entanto, o que sabemos é que essa nova revolução vem com mudanças que podem interferir e mexer com o atual modo que trabalhamos, nos comunicamos, nos relacionamos, enfim, que vivermos em sociedade. E as consequências, provavelmente, serão menores para os países, empresas e profissionais que se manterem informados e abertos para perceber os indícios que acompanham cada nova tempestade.

Gráfico sobre os elementos que causaram as principais mudanças em cada revolução industrial. Na 1ª, 1784: vapor, água, equipamentos de produção mecânicos; na 2ª, 1870: divisão do trabalho, eletricidade, produção em massa; e na 3ª, 1969: eletrônica, tecnologia da informação, produção automatizada.
  • Fonte do gráfico: World Economic Forum. [4]

E se tratarmos essas previsões como um novo ato no palco do desenvolvimento humano -econômico e social-, conduzido pelos avanços tecnológicos e a globalização, que se iniciaram já na 3ª Revolução Industrial, o que tivemos até aqui foi apenas um aperitivo para as mudanças que realmente virão. Lembrando que teremos pela frente, também, a promessa de descobertas e avanços que abrangerão TICs, Física, Química, Biologia, Comunicação.

  • "Da mesma forma, a quarta revolução industrial transformará tudo, desde como aprendemos, trabalhamos, vivemos e socializamos até a maneira como vemos o mundo e nosso papel nele. O que distingue essa revolução das do passado é sua escala e velocidade. Com as revoluções industriais anteriores, as mudanças ocorreram lentamente, às vezes deixando países e continentes inteiros não afetados".[5] - tradução livre

E este é motivo de o mercado mundial querer pessoas que se adaptem às mudanças com facilidade; aprendam -e reaprendam- com rapidez; que sejam curiosas, sintonizadas com as novas tecnologias -o que poupa muito treinamento e trabalho de adaptação às mudanças rápidas que já ocorrem-, que sejam curiosas, líderes e consigam trabalhar em grupo. E isto significa que não basta que sejam simpáticas (demonstrem compaixão, afinidade) mas que exercitem a empatia (paixão), o que resumidamente significa: saber ouvir, não pensar de forma preconceituosa, se abrir para entender outros pontos de vista, mesmo divergente, manter diálogo com gente de idade, ideologia e saberes diferentes.

Segundo o Fórum Econômico Mundial de 2018, cerca de 60% daqueles que estão começando a estudar agora irão trabalhar em profissões que ainda não conhecemos. E hoje já vemos já temos o início disso vendo profissões que a 5 anos atrás não existiam.

O segredo que não parece ser nenhum segredo se chama CRIATIVIDADE. Mas não se trata de ela ser, em si, um fato, mas em um contexto de mudanças, imprevisível, a opção está mais voltada para pessoas criativas justamente porque aquilo que torna as pessoas mais criativas também as auxilia na adaptação mais rápida, a não aceitarem verdades, a questionarem e se inquietarem, já que o tipo de criatividade que perdeu espaço no mundo inteiro é justamente aquela que nos ajuda a resolver problemas novos e complexos: o pensamento divergente.

Usos e costumes dentro e fora do contexto

O problema fica maior quando compreendemos, como constatou Alvin Toffler em sua visita ao Brasil[6], de que as três ondas continuam a existir em diferentes contextos dentro do país. E é justamente por serem efeitos gerados pelas mudanças previstas (e as que já estão ocorrendo) que se nos apresentam como um fato que precisa ser levado a sério neste Brasil de realidades diversas.

  •  "As economias modernas que sofrerão uma quarta revolução industrial não serão aquelas que adoram máquinas, mas aquelas que apóiam a criatividade humana. Quando entendermos como as pessoas pensam e funcionam melhor, seremos obrigados a colocar o bem-estar de nossos trabalhadores em primeiro lugar em nome da produtividade da saúde e da economia"[7] - tradução livre

A preocupação se justifica porque na terra brasilis, apesar de empresas já imersas na 3ª Onda, ainda é exercitada uma cultura que inibe a criatividade nas empresas, nas escolas e também nos lares. Fato este que ocorre, em grande parte, por causa de uma mentalidade ainda alinhada às necessidades da 2ª Revolução Industrial, que precisava de força braçal e de gente que soubesse seguir o que "dava certo", pois a linha de montagem ditava o que deveria ser feito (bem ao estilo Tempos Modernos do mestre Chaplin). Escrevo no passado, mas por aqui o fato é bem presente, até em algumas das empresas que se dizem atualizadas.

  • "[...] Schwab também tem sérias preocupações: que as organizações possam não conseguir se adaptar; os governos podem deixar de empregar e regular novas tecnologias para capturar seus benefícios; a mudança de poder criará novas e importantes preocupações de segurança; a desigualdade pode crescer; e fragmento de sociedades". [8] - tradução livre

Só que aliado a esse fato tem também o nosso costume de "preparar" as crianças e os jovens "para o mercado de trabalho", realidade que nos empurra para um problema muito maior e extenso, visto que se essas mudanças não são previsíveis, essa "preparação" desde cedo pode estar criando profissionais despreparados para lidar com o inusitado, o diferente, o que não está lá no manual que foi repetido e aceito como o ideal.

Não é somente aqui, mas já perceberam o problema

O que trataremos na segunda parte é justamente sobre os dados que despertaram o mundo para o problema da perda de criatividade, e de como isso pode afetar o futuro das empresas e nações que não buscarem reparar este problema, que vai além de cursos e treinamento de funcionários, pois o problema é cultural e precisa ser tratado na raiz.

O que precisamos pensar agora é: como podemos mudar essa realidade e recuperar o tempo perdido? Certamente não será agindo como sempre agimos, deixando para a última hora ou querendo resolver tudo da noite para o dia. O fato de que a nova realidade pedirá algo que não é estimulado no Brasil no leva a questionar se conseguiremos nos abrir para tratar este problema com maior preocupação, pois quando alguém me diz para não me preocupar, é neste momento que eu sei que devo me preocupar de fato. Pense nisso!

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  1. Artigo que comenta as mudanças no Top 10 Skill Ranking do Fórum Econômico Mundial para 2020 em sobre as habilidades em queda.
  2. Texto com o Ranking 5 soft skills da pesquisa feita pelo LinkedIn.
  3. Manoel Castells. A era da informação - economia, sociedade e cultura (vol.1 - A sociedade em rede) pela editora Paz e Terra, 1999.
  4. Artigo sobre a 4ª Revolução Industrial pelo Fórum Econômico Mundial (09/2015).
  5. Citação retirada do artigo sobre a 4ª Revolução Industrial no site do Fórum Econômico Mundial (09/2015).
  6. Artigo que explana sobre a Terceira Onda de Alvin Toffler e da necessidade de nos readaptarmos para aprender a reaprender (Wilson Leite - 02/2019).
  7. Citação do artigo sobre a Criatividade ser a Nova Força da 4ª Revolução Industrial (04/2017).
  8. Matéria sobre o livro "The Fourth Industrial Revolution" de Klaus Schwab, com vídeo sobre o mesmo tema incluso (2015).

 

  • Imagem: Étienne-Maurice Falconet (1757, 1504) - Cupido Sentado - Rococó - Foto: Createsima - em: https://freeimages.com/ - Efeitos: Wilson Leite
  • Artigo, deste autor, originalmente escrito no LinkedIn, em 03 de janeiro de 2020
    Fonte original: https://www.linkedin.com/pulse/%C3%A9-fato-nem-o-mercado-est%C3%A1-pronto-para-novo-parte-i-wilson-leite/
 
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