Síntese de Capítulo:
em 15 de Janeiro de 2025
Esse texto objetiva-se pela busca em tecer comentários e reflexões coesos a luz da leitura do livro “Professores leitores e sua formação”. Livro este que traz consigo uma extensa bagagem de embasamento teórico e prático, visto que sua construção se deu por meio de anos de pesquisa. Em seguida, veremos breve apresentação aos detalhes do livro e aprofundamentos acerca de seu conteúdo, respectivamente.
O livro “Professores leitores e sua formação” foi escrito por Ludmila Thomé de Andrade e publicado pela Editora Autêntica em 2004. Neste livro, a autora apresenta resultados de pesquisas que ela desenvolveu em torno da seguinte questão: qual o papel da universidade no processo de alimentar e “regular” as leituras dos professores do ensino básico? O tema central é a leitura dos professores em formação, em diferentes instâncias educacionais.
A autora analisa as relações que se estabelecem, na leitura de professores da educação básica, entre aqueles que escrevem e aqueles que leem. Ela aborda questões como: Como os professores brasileiros leem textos para sua formação? Como eles são tratados nesses textos a eles destinados? O que buscam em suas leituras? Como fazem uso do que leem em sala de aula?
Na primeira parte do livro (apresentação) a autora discorre sobre sua metodologia de pesquisa acerca do tema central que envolve a leitura do livro, inclusive relatando sobre os dados coletados, que são fruto de aproximadamente 23 anos de coleta, visto que a partir da década de 80 até a publicação do livro, o diálogo entre universidade e escola era uma novidade para os docentes. Textos focados nas questões em que Andrade voltava sua atenção, que dizem respeito às leituras dos professores da educação básica foram selecionados, os quais forneciam uma oferta significativa de leitura, instituindo certamente (partindo dos pressupostos da autora), uma primeira visão de formação continuada. Na parte inicial do livro também são destacados os livros, estados, universidades e professores envolvidos para que assim fosse constituída a pesquisa.
Ludmila Thomé, não se ateve em pensar só sobre a recepção dos livros endereçados ao professor-leitor, mas em também verificar a procedência deste endereçamento e escrita, valorizando primordialmente a relação de escrita com o foco de aprimoramento na carreira docente, uma vez que a educação se vale não só da formação na universidade, mas de sua continuidade que não deve nunca acabar, considerando como tudo está em constante evolução, o professor também deve se adaptar com as mudanças que a educação exige. Para tanto, a pesquisa se valeu de três critérios fundamentais: Modos de aparecimento do professor-leitor (algumas obras são endereçadas exclusivamente ao professor, em outras o professor é um dos profissionais a qual se destinara a leitura), Inclusão de elementos do contexto escolar (considerando que a realidade escolar nem sempre estava envolvida da leitura, destacou-se diferentes níveis dessa inclusão) e Respeito ao modo de escrita acadêmica (este aspecto diz respeito ao modo como os escritores utilizam a linguagem acadêmica e as variações encontradas nesta linguagem). Discorre a autora:
A partir disso, grupos de pesquisa voltados para cada tipo de critério se formaram: “Vulgarização científica”, “pesquisa sobre a escola”, “pesquisa aplicada”, “reflexões sobre o ensino”, “manual de atividades” e “relatos de experiência”. A formação desses grupos constituiu de maneira mais precisa e focalizada, uma pesquisa bastante fundamentada e preocupada com as ações de formação por parte do professor, bem como pela escrita científica voltada para docência. 34 livros foram selecionados e avaliados nesta perspectiva e os dados apontam que os critérios mais encontrados nesses livros são Vulgarização científica e Pesquisas sobre a escola, vale ressaltar que os autores que mais se enquadram nesse campo, segundo a autora “...são os que se dirigem ao professor-leitor de forma menos específica e personalizada...” (Andrade, L.T.D., 2004, p. 50).
Bem como demonstra boa parte da formação acadêmica do professor, a pesquisa de Ludmila Thomé de Andrade também demonstrou consideravelmente que a produção discursiva no que ela descreve como tipos[1] I, II e III, são destinados ao próprio campo científico:
Os autores que assumiram os modos de produção discursiva dos tipos I, II e III desejam oferecer seu conhecimento de pesquisa para seu próprio campo científico, sendo o endereçamento ao professor apenas contingente. O funcionamento do campo científico depende da circulação de outras produções textuais, diferentes das que nos interessam diretamente neste trabalho. Para os agentes universitários, a leitura de seus trabalhos por um público de professores constitui um benefício suplementar, que vai além das vantagens internas garantidas pelo campo no qual esses agentes se inserem. (Andrade, L.T.D., 2004, p.50)
É de fácil entendimento a importância da pesquisa científica que qualquer campo, mas vale destacar que igualmente importante é a valorização e focalização da produção científica do que diz respeito a formação docente e a continuação dela. Com a política atual, a formação de professores, seja inicial ou continuada, é vista como uma estratégia importante para o desenvolvimento de políticas governamentais para a educação. No entanto, as propostas para a formação inicial de professores da Educação Básica e a chamada formação continuada, podem expor as contradições existentes na realidade educacional
Especificamente sobre a formação continuada, a Resolução CNE/CP nº 02/2015 define:
A formação continuada compreende dimensões coletivas, organizacionais e profissionais, bem como o repensar do processo pedagógico, dos saberes e valores, e envolve atividades de extensão, grupos de estudos, reuniões pedagógicas, cursos, programas e ações para além da formação mínima exigida ao exercício do magistério na educação básica, tendo como principal finalidade a reflexão sobre a prática educacional e a busca de aperfeiçoamento técnico, pedagógico, ético e político do profissional docente. (BRASIL, 2015, p.13)
A autora também destaca a importância da formação dos formadores no qual os descreve como construtores dos conceitos teóricos que possivelmente e intencionalmente devem instituir e direcionar a atuação docente nas escolas.
Contudo, mesmo com boas argumentações dos teóricos, ainda se manifestam nos seus próprios escritos, menções que nos fazer crer que a perspectiva do pesquisador sobre o professor leitor não é exatamente de que o professor deve analisar os conceitos e a partir de reflexões formar suas perspectivas de ensino, mas a de um profissional que está sendo preparado apenas para reproduzir o que já está estabelecido.
Sobre isso, diz Andrade:
O professor é solicitado a executar o que é preconizado e a observar, ao mesmo tempo, os resultados que decorrerão necessariamente dessa ação. A observação dos resultados obtidos em sala de aula não supõe, contudo, um professor que esteja apto a refletir sobre esses dados de maneira a tirar daí novos encaminhamentos a partir de suas próprias constatações. (Andrade, 2004, p.64)
A autora busca ao longo de todo o livro, contextualizar e reconstituir as dificuldades que percebeu na formação docente ao longo de todos esses anos de pesquisa. Mas por fim, sua intenção é clara e indiscutível para comunidade acadêmica de escolar, que para pensar a formação docente temos que ter em vista a relação entre os dois pontos, formador e professor, que em muitos casos são ocupados pelas mesmas pessoas. A autora reitera que para sua conclusão final, professores devem se ver como formadores de si mesmos, e concluo, particularmente dizendo, que evidentemente, não só a partir da leitura deste livro, mas considerando os efeitos da docência, todo professor deve buscar instrução ampla e de todos os tipos, não para que absorva tudo que vier pela frente, mas para levar em conta sempre as oposições e leitura correta dos embates, acima de tudo, ler tudo, mas filtrar os conhecimentos.
Referências:
ANDRADE, Ludmila Tomé. Professores-leitores e sua formação. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2004. 172 p.
BRASIL. Lei nº 9.394/1996, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2001b. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2014/lei-13005-25-junho-2014-778970-publicacaooriginal-144468-pl.html. Acesso em: 02 set. 2023.
[1] Com o uso do termo “tipos” a autora refere-se ao ponto em que se encontram os textos analisados nas relações existentes entre universidade e escola, os quais ela mesma demonstra em um esquema topológico dentro da obra, são eles: Tipo I: Vulgarização científica, tipo II: Pesquisas sobre a escola, tipo III: Pesquisa aplicada, tipo IV: Reflexões sobre o ensino, tipo V: Manual de atividades e tipo VI: Relatos de experiência.