Síntese de Capítulo:
em 15 de Janeiro de 2025
[1] O Realismo foi uma tendência artística de expressões em diversas áreas, incluindo a literatura, que se valeu da arte de uma representação objetiva dos fatos do cotidiano.
[1] O cenáculo é um nome dado posteriormente nos escritos de alguns dos seus participantes para designar um grupo informal que se reuniu no fim do século XIX em Portugal. Tratava-se de um grupo de intelectuais. O grupo surgiu no seio da boémia coimbrã, e posteriormente, formados os seus participantes na Universidade de Coimbra, continuou a funcionar em Lisboa, acrescentando uns elementos, perdendo outros. Reuniam-se para discutir livremente os assuntos que apaixonavam toda uma geração. Da política às artes, da sociedade às ciências.
Fernando Pessoa foi escritor, poeta, redator e tradutor. Famoso pela sua escrita e principalmente por seus heterônimos, os quais destacamos principalmente: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. O autor destacou-se na literatura mundial e mantém seu título até hoje. Nascido em junho de 1888, no Largo de São Carlos, Portugal. Pessoa começou escrever ainda muito jovem, estudos apontam que seu primeiro texto tenha sido escrito em 1895. Ingresso do curso de Letras, em Lisboa, o poeta desiste da graduação dois anos depois de iniciar o curso, há quem diga que o português preferia estudar por conta própria, passando horas dentro de bibliotecas.
O escritor português dedicou a vida a sua escrita, escreveu poesias, peças de teatro, contos, ensaios filosóficos, críticas literárias, traduções, teorias linguísticas, textos políticos, cartas astrológicas, entre outras. Fernando Pessoa morreu aos 47 anos, no dia 30 de novembro em 1935, vítima de uma cirrose hepática.
Seus principais heterônimos, anteriormente citados, possuem características ímpares, mas que de certa forma fazem com que o leitor se identifique com a escrita de cada um deles, como se cada um falasse de coisas que nos pertencem enquanto seres humanos. Dos três nomes citados no primeiro parágrafo, podemos observar de forma bastante sucinta as principais características de cada um:
Para apontar inicialmente as convergências entre a escrita de Alberto Caeiro e Eça de Queirós, podemos notar bastante similaridade com que ambos falam da natureza, em diversos momentos Queirós descreve em detalhes a paisagem, fazendo o leitor mergulhar no ambiente descrito: “Enganin, cidade rica, de muralhas fortes, entre olivais e vinhedos, no país de Issacar”. Outro ponto pertinente para essa abordagem é a simplicidade com que os dois escrevem, falando de coisas comuns para todos, fato esse que aproxima bastante o leitor do autor e também da obra. O que também pode sugerir proximidade entre os dois, é que tendem a escrever sobre o divino, seja para reforçar uma crença ou para contestá-la.
Podemos perceber um detalhe bastante importante no poema “Há metafísica bastante em não pensar em nada”, de Alberto Caeiro, que se trata da intertextualidade e algo que parece ser até uma referência direta ao conto “Suave Milagre” quando o poeta diz:
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
A escrita de Queirós antecede a de Alberto Caeiro, então podemos pensar que Caeiro faz uso de paráfrase com relação ao com “Suave Milagre”, respeitando significativamente a escrita do também poeta português, Eça de Queirós.
Para destacar as divergências, podemos falar da estética de suas escritas, Alberto Caeiro é um poeta bucólico, viveu a maior parte de sua vida no campo e se inspira na natureza para compor os seus poemas. Eça de Queirós é um romancista urbano, fortemente influenciado pelo Realismo. Caeiro é um poeta sensacionalista, que buscava ver as coisas como são, sem a interferência do pensamento ou da emoção. Queirós por outro lado, sendo ele um romancista realista, buscava analisar as causas e os efeitos dos comportamentos humanos. Caeiro é um poeta panteísta, que se baseia na crença de absolutamente tudo e todos compõe um Deus abrangente, enquanto Queirós é um poeta anticlerical, que denunciou os abusos e hipocrisias da Igreja Católica em Portugal.
SOUZA, Warley. "Eça de Queiroz"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/eca-queiros.htm. Acesso em 21 de julho de 2023.
TANCREDI, Silvia. "Fernando Pessoa"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/fernando-pessoa.htm. Acesso em 21 de julho de 2023.