Dogmatismo

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Desde o surgimento da filosofia na Grécia antiga o dogmatismo e o ceticismo caminham juntos, talvez não tão cristalino para aqueles que não querem ver ou aceitar.

 Para iniciarmos a nossa compreensão nestes dois termos, vamos entender o significado de ambos, primeiro do dogmatismo. Essa palavra tem vários significados, vamos ver dois deles, o senso comum e o sentido filosófico.

 O dogmatismo do senso comum

 No senso comum o dogmatismo é a manifestação de uma verdade não questionada.

 Vamos analisar a parábola das três peneiras de Sócrates:

 Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:

- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!

- Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.

- Três peneiras? Que queres dizer?

- Vamos peneirar aquilo que quer me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?

- Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.

- A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?

Envergonhado, o homem respondeu:

- Devo confessar que não.

- A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?

- Útil? Na verdade, não.

Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.

Se as pessoas usassem desses critérios, seriam mais felizes e usariam seus esforços e talentos em outras atividades, antes de obedecer ao impulso de simplesmente passá-los adiante, pois: “Pessoas inteligentes falam sobre idéias; pessoas comuns falam sobre coisas; pessoas mesquinhas falam sobre pessoas”.

 Do ponto de vista do dogmatismo no senso comum que seria um tipo de informação tida como verdade não questionada, analisada, que tenha passado por um crivo, é uma verdade absoluta, e que não está aberta a novas possibilidades de interpretação. Nesse caso o que se aprendeu está na condição de uma limitação. Infelizmente pessoas que não estão abertas ao diálogo, se encontram em um estado de petrificação, resistência e que teme o novo e impõe o seu ponto de vista.

 O perigo no dogmatismo do senso comum é o seu possível inclinio ao totalitarismo, como o exemplo dos políticos de esquerda, na União Soviética, e de direita, na Alemanha nazista. Além dos pontos de negação ao pluralismo, colocação de caráter ideológico e desaguamento nesse caminho para uma doutrina oficial do Estado ou partido.

 O dogmatismo filosófico

 O dogmatismo filosófico tem como objetivo identificar filósofos que acreditam que a razão pode alcançar a verdade absoluta. David Hume (1711-1776), filósofo, historiador e defensor do empirismo sendo radical e adepto do ceticismo foi uma grande influência para Immanuel Kant (1724-1804).

 Immanuel Kant desenvolveu uma tese que ficou conhecida como “Idealismo Transcendental”. Essa filosofia kantiana tinha por objetivo lançar uma nova forma de pensarmos sobre o conhecimento. Kant acreditava que o conhecimento pode ser real em nós antes da experiência. Kant tem por objetivo delimitar os limites do conhecimento humano.

 Kant acreditava que não é possível conhecer pela razão quesitos metafísicos tais como Deus, anjos, alma, liberdade, etc. Apesar de parecer ceticismo, este filósofo era religioso. Posteriormente interpretaram suas ideias como ceticismo.

 Kant critica os filósofos que vieram antes dele por não colocarem em xeque a forma de obtenção do conhecimento. Para Kant, os intelectuais que vieram antes dele deveriam ter feito uma crítica da faculdade do conhecer.

 Infelizmente Kant teve que viver com a realidade que o sonho dogmático era vivo e ativo em sua época.

 Para encerrarmos este ponto, o dogmatismo é a crença em algo sem o colocar em xeque, em questionamento, fazer perguntas e analisar a sua veracidade.

 “A verdade na filosofia é contínua, sempre vamos estar na busca dela, pois a verdade não pertence a nenhum homem, ser filósofo é ser um incessante aventureiro na busca pelo conhecimento. Se tudo está em constante mudança e transformação, assim estará também o conhecimento, uma busca insaciavél e sem fim. O conhecimento é algo novo que experimentamos a cada dia.”