A construção de subjetividades nos discursos

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Sobre linguagem nas redes sociais

Com o advento das redes sociais digitais, os discursos sobre linguagem deixaram de ser exclusivamente produzidos por especialistas ou instituições formais de ensino e passaram a circular amplamente em espaços informais, como vídeos curtos, memes, posts, comentários e discussões online. Essa mudança de cenário afetou não apenas a forma como se fala sobre linguagem, mas também a constituição das subjetividades que se articulam nesses espaços discursivos.

Em um contexto em que a identidade é performada constantemente diante de uma audiência virtual, os sujeitos constroem suas imagens a partir das posições que ocupam nos debates sobre a norma culta, o preconceito linguístico, o uso coloquial, as gírias, os regionalismos e até mesmo os erros gramaticais. Falar "corretamente" ou "incorretamente" se torna, muitas vezes, uma escolha estética e política, refletindo pertencimentos sociais, ideológicos e afetivos.

Autores como Michel Foucault e Judith Butler são fundamentais para compreender esse processo. Foucault, ao teorizar a relação entre discurso e poder, mostra como certas formas de dizer são legitimadas enquanto outras são desqualificadas. Butler, por sua vez, ao refletir sobre a performatividade, nos ajuda a entender como as identidades de gênero, por exemplo, são construídas por meio de repetições discursivas — o que também se aplica à construção de outras subjetividades, inclusive as linguísticas.

Nas redes sociais, essa performatividade é intensificada. Um influenciador que "fala errado" deliberadamente pode estar construindo uma persona ligada à ideia de autenticidade popular. Por outro lado, alguém que insiste em corrigir os outros ou que enfatiza sua adesão à norma culta pode estar performando uma identidade intelectual, elitista ou até mesmo moralizante. Em ambos os casos, a linguagem se torna o centro de disputas identitárias.

Outro aspecto importante é o papel do humor e da ironia. Muitos perfis se dedicam a fazer piadas com desvios gramaticais ou com regionalismos, o que, por vezes, reforça estigmas linguísticos. Em outras ocasiões, o humor serve para subverter as hierarquias tradicionais, fazendo da linguagem um campo de resistência e reinvenção.

O debate sobre linguagem nas redes, portanto, não é apenas uma questão técnica ou normativa. Ele se entrelaça com afetos, crenças, pertencimentos e disputas simbólicas. A linguagem, nesse contexto, deixa de ser apenas um meio de comunicação e passa a ser uma forma de se apresentar ao mundo, de se posicionar e de pertencer a determinadas comunidades.

A análise dos discursos sobre linguagem nas redes sociais, assim, se revela uma via privilegiada para investigar os modos como os sujeitos constroem e expressam suas subjetividades na contemporaneidade. E, mais do que isso, mostra como o próprio conceito de “certo” e “errado” na linguagem está em constante negociação — não apenas entre gramáticos e linguistas, mas entre todos os que habitam e performam no espaço digital.


Referências bibliográficas:

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.
ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez, 2001.
BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
RAJAGOPALAN, Kanavillil. O discurso da gramática e a gramática do discurso. São Paulo: Parábola, 2003.

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