
Como utilizar o anki para aprender inglês

em 14 de Julho de 2025
Este artigo apresenta uma proposta metodológica para o desenvolvimento da fluência em inglês com base na teoria do input compreensível. Argumenta-se que, para produzir linguagem de forma fluente (output), o estudante precisa primeiro consolidar sua capacidade de compreender a língua por meio da escuta e da leitura (input). A partir disso, é descrita uma rotina de estudo fundamentada em três atividades principais: leitura de textos com áudio, uso de flashcards no Anki e revisão sistemática. Também são discutidos o tempo ideal de dedicação diária e o período médio para alcançar resultados expressivos. O embasamento teórico se apoia em autores como Krashen, Nation e Ellis, que destacam a importância do input massivo e da repetição espaçada no processo de aquisição de uma língua estrangeira.
A busca por fluência em uma segunda língua, como o inglês, é frequentemente marcada por tentativas de falar desde os estágios iniciais do aprendizado. No entanto, diversas pesquisas em linguística aplicada indicam que o desenvolvimento da produção linguística (speaking e writing) depende, em grande medida, da consolidação prévia de habilidades receptivas: escuta (listening) e leitura (reading) (Krashen, 1985; Nation, 2007). O presente artigo defende uma abordagem de ensino baseada fortemente em input, seguindo a premissa de que “a fala é resultado do que se escuta e lê, e não o contrário”.
Stephen Krashen (1985) introduziu o conceito de input compreensível (i+1) como elemento central para a aquisição de línguas. Segundo ele, quando um estudante é exposto de forma repetida e consistente a conteúdos ligeiramente acima do seu nível atual de competência, ocorre internalização gradual e natural da linguagem. Essa exposição contínua permite que estruturas linguísticas sejam assimiladas sem necessidade de instrução explícita.
Nation (2007) também destaca a importância do input abundante para que os aprendizes possam desenvolver vocabulário e sensibilidade gramatical, sugerindo que o ensino eficaz de línguas deve dedicar a maior parte do tempo a atividades receptivas de leitura e escuta.
A proposta metodológica analisada neste artigo organiza-se em torno de uma rotina prática, dividida em três partes: atividades diárias, tempo de estudo recomendado e duração do cronograma.
As atividades propostas têm como objetivo maximizar o contato com a língua e promover a internalização por meio da repetição e da contextualização:
O tempo de exposição ao idioma é diretamente proporcional à velocidade de aquisição:
Estudos mostram que a quantidade de horas de exposição acumulada é um fator crucial para a fluência (DeKeyser, 2007), e que a consistência é mais importante do que a intensidade esporádica.
Estima-se que um ciclo de 3 a 5 meses seguindo esse cronograma já proporciona resultados significativos, desde que os seguintes marcos sejam alcançados:
A definição de metas concretas e mensuráveis é consistente com práticas pedagógicas modernas baseadas em micro-objetivos e data-driven learning (Boulton, 2011).
Ao compreender profundamente a língua por meio do input, o aprendiz adquire as estruturas necessárias para se expressar. Esse processo respeita a lógica de que a produção linguística é consequência e não causa da aquisição (Krashen, 1982). Embora seja comum a ansiedade para falar desde o início, antecipar a produção antes de consolidar o input pode levar a erros fossilizados e frustrações (Selinker, 1972).
O modelo aqui proposto sugere que, ao longo dos meses, o output começará a surgir de forma espontânea. O aluno passará a reconhecer estruturas já internalizadas e se sentirá mais confortável para reproduzi-las, primeiramente em escrita, depois em fala.
A fluência em inglês, longe de depender apenas da prática da fala, é construída sobre uma base sólida de escuta e leitura sistemáticas. Uma rotina diária estruturada, aliada ao uso de tecnologias como o Anki e à prática deliberada com textos auditivos, pode acelerar significativamente o processo de aquisição da língua. A chave para o progresso está na consistência, no volume de input e na qualidade das atividades realizadas.