A linguagem poética

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Como resistência à mercantilização da arte

A arte, ao longo da modernidade, foi progressivamente incorporada às lógicas do mercado, transformando-se em objeto de consumo e entretenimento. Esse processo, amplamente discutido por pensadores como Theodor Adorno e Mario Vargas Llosa, resultou na diluição de uma das funções mais essenciais da arte: a de provocar, inquietar e romper com os discursos estabelecidos. No entanto, a linguagem poética — em sua densidade, ambiguidade e resistência ao imediatismo — permanece como um dos últimos refúgios contra a banalização mercantil da experiência estética.

Ao recusar a transparência da linguagem ordinária, a poesia cria um espaço de suspensão, onde o sentido não é dado, mas construído no tempo da leitura, exigindo do leitor um envolvimento ativo e reflexivo. Em um mundo dominado pela comunicação rápida e superficial, o poema desacelera, exige pausa, respiração, escuta. Ele subverte o ritmo da produtividade capitalista e, ao fazer isso, afirma uma outra lógica, mais próxima do simbólico e do existencial do que da eficiência e do lucro.

Como afirma Octavio Paz, a poesia é um antídoto contra a automatização da linguagem. Em sua função poética, a linguagem se volta sobre si mesma, explora suas possibilidades sonoras, sintáticas, semânticas — desfazendo certezas e instaurando novas formas de ver e sentir o mundo. É essa capacidade de abrir fendas no discurso dominante que torna a poesia um espaço privilegiado de resistência.

Autores como Bruno Tolentino, Paul Celan, Sophia de Mello Breyner, Ferreira Gullar e Hilda Hilst mantêm em suas obras uma crítica contundente ao esvaziamento da linguagem provocado pela cultura de massa. Eles recusam o utilitarismo da palavra e reafirmam seu caráter ritual, quase sagrado. A poesia, nesse sentido, é um lugar de permanência do mistério, da alteridade e do silêncio — valores que a lógica mercadológica tende a descartar por não serem imediatamente rentáveis ou quantificáveis.

A linguagem poética também desafia os mecanismos de padronização do gosto promovidos pela indústria cultural. Cada poema, em sua singularidade, escapa às fórmulas e convenções do mercado. Mesmo quando a poesia é publicada, vendida ou performada, seu conteúdo resiste a ser plenamente capturado. Há sempre algo que escapa, que excede, que inquieta — e é nesse excesso que habita sua potência crítica.

Por isso, defender a linguagem poética como forma de resistência é defender, mais do que um gênero literário, uma atitude frente ao mundo. É afirmar o valor do sensível, do ambíguo, do inefável. É preservar um modo de estar no mundo que não se submete à lógica da utilidade. E, sobretudo, é manter viva a convicção de que a arte ainda pode transformar o olhar, o pensamento e a vida.


Referências bibliográficas:

ADORNO, Theodor W. Teoria estética. São Paulo: Editora 34, 2004.
PAZ, Octavio. O arco e a lira. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo. São Paulo: Objetiva, 2012.
TOLENTINO, Bruno. A balada do cárcere. Rio de Janeiro: Record, 1996.
CELAN, Paul. A rosa de ninguém. São Paulo: Perspectiva, 2006.
GULLAR, Ferreira. Poema sujo. São Paulo: José Olympio, 2008.
HILST, Hilda. Do desejo. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

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