
Como utilizar o anki para aprender inglês

em 14 de Julho de 2025
O nível intermediário no aprendizado do inglês é frequentemente considerado um dos mais longos e desafiadores de se superar. Ao contrário do nível básico, no qual a evolução é rápida e perceptível, o progresso no nível intermediário ocorre de forma mais sutil e cumulativa. Este artigo explora os fatores que contribuem para a estagnação percebida neste estágio e defende que o fortalecimento e a automatização do conhecimento linguístico previamente adquirido são cruciais para a transição à fluência. A discussão baseia-se em conceitos da psicolinguística, da aquisição de segunda língua e da ciência cognitiva, enfatizando a importância da repetição espaçada, da memória de longo prazo e da rapidez de acesso lexical.
No processo de aquisição do inglês como segunda língua, o estágio intermediário é, paradoxalmente, um dos mais frustrantes para o aprendiz. Se por um lado já é possível compreender e se comunicar em muitas situações, por outro, a fluência ainda parece distante. A percepção de progresso desacelera e os avanços tornam-se menos visíveis no curto prazo. Essa fase, por vezes chamada de “platô intermediário”, tem sido objeto de análise na linguística aplicada e na pedagogia de línguas (Richards, 2008).
Este artigo analisa a natureza desse platô e propõe que a superação dele exige um esforço deliberado de reforço e automatização de todo o conhecimento já adquirido — vocabulário, estruturas gramaticais e padrões de uso — de modo que o acesso a esse conteúdo se torne rápido e eficiente no momento da produção linguística.
O termo “platô do aprendizado” é utilizado para descrever o fenômeno em que, após um período de rápido progresso, o estudante experimenta uma estagnação perceptível, mesmo continuando a estudar (Brown, 2007). No contexto da aprendizagem de línguas, o platô intermediário representa o momento em que os ganhos marginais tornam-se menores, exigindo mais esforço para menos recompensa imediata.
Segundo Ur (1996), aprendizes intermediários enfrentam obstáculos como:
Dessa forma, a saída desse estágio depende menos da aquisição de novos conteúdos e mais da reorganização e solidificação do que já foi aprendido.
A fluência, entendida aqui como a capacidade de acessar e utilizar a linguagem de forma rápida, eficiente e apropriada ao contexto (Segalowitz, 2010), depende diretamente da consolidação da memória linguística.
Três aspectos são fundamentais nesse processo:
A produção linguística fluente requer acesso automático ao conhecimento armazenado, o que só é possível com prática deliberada e repetição espaçada (DeKeyser, 2007). O estudante deve ser capaz de recuperar palavras e estruturas gramaticais com pouca ou nenhuma reflexão consciente.
Ferramentas como o Anki, baseadas em SRS (Spaced Repetition System), são eficazes para fortalecer conexões neuronais e prevenir o esquecimento do conteúdo já estudado (Wozniak, 1994; Cepeda et al., 2006). Isso é especialmente importante no estágio intermediário, onde a quantidade de informações conhecidas aumenta significativamente.
Segundo a Teoria da Carga Cognitiva (Sweller, 1994), quando elementos da linguagem são automatizados, eles consomem menos recursos mentais, liberando espaço para atenção a aspectos mais complexos do discurso, como coerência, fluidez e precisão. Automatizar o conhecido é, portanto, pré-requisito para progredir em proficiência.
Com base nos princípios apresentados, algumas estratégias eficazes para reforçar o inglês já aprendido incluem:
A sensação de estagnação no nível intermediário não deve ser confundida com falta de progresso, mas compreendida como uma fase de reorganização e consolidação do conhecimento linguístico. Avançar rumo à fluência depende menos da quantidade de novos conteúdos absorvidos e mais da capacidade de acessar rapidamente e com precisão o que já foi aprendido. O domínio do inglês, portanto, não é apenas questão de aprender mais, mas de fortalecer o que já se sabe, até que a linguagem se torne parte funcional e automática do pensamento.