Resumo
O aprendizado eficaz de uma segunda língua exige não apenas disciplina, mas também a aplicação de estratégias bem fundamentadas. Este artigo apresenta cinco técnicas amplamente reconhecidas por sua eficácia no desenvolvimento acelerado da proficiência em inglês: o uso de flashcards, a imersão no idioma, a aceitação da incompreensão parcial, a limitação do foco em gramática e a motivação intrínseca por meio de conteúdos de interesse. Fundamentadas em pesquisas recentes da área de aquisição de segunda língua, essas práticas formam a base de um plano de estudos eficiente e sustentável.
A fluência em inglês é um objetivo almejado por milhões de estudantes ao redor do mundo, e diversas abordagens pedagógicas têm sido desenvolvidas para tornar esse processo mais eficiente. Entre elas, destacam-se cinco práticas essenciais que, quando aplicadas de forma consistente, podem acelerar significativamente o progresso do aprendiz.
A primeira técnica consiste no uso de aplicativos de flashcards, especialmente o Anki, uma ferramenta baseada no princípio da repetição espaçada. Como defendido por Nation (2001), a aquisição de vocabulário é um dos pilares mais importantes da proficiência linguística, representando até 30% da competência geral em uma língua estrangeira. O Anki permite a consolidação do léxico aprendido, reforçando palavras e estruturas com base em algoritmos que calculam o melhor momento para revisar cada item. Segundo Brown, Roediger e McDaniel (2014), a repetição espaçada é uma das técnicas mais eficazes para garantir retenção de longo prazo.
Em segundo lugar, a imersão no idioma é apontada como um fator determinante no processo de aprendizagem. A teoria do input compreensível, proposta por Krashen (1982), defende que os estudantes devem ser expostos ao inglês em uma intensidade que vá além do ambiente de sala de aula. Essa exposição pode se dar por meio de séries, livros, podcasts, redes sociais e até configurações do celular em inglês. Quanto maior o volume de input, maior a capacidade do aluno de desenvolver sensibilidade linguística, o que inclui aspectos como pronúncia, ritmo e estruturas sintáticas.
Contudo, é importante que o estudante entenda que não compreender tudo faz parte do processo. Como apontado por Nuttall (1996), o progresso na leitura, por exemplo, não ocorre somente quando se aprende algo novo, mas também quando se reforça o que já se conhece. Da mesma forma, ouvir repetidamente conteúdos parcialmente compreendidos permite sedimentar estruturas familiares e tornar o aprendizado mais natural. A ansiedade gerada pela incompreensão pode ser prejudicial, como destacam Horwitz, Horwitz e Cope (1986), sendo necessário desenvolver uma tolerância produtiva à ambiguidade.
Em quarto lugar, a ênfase excessiva na gramática tradicional deve ser evitada. Como defendido por Lewis (1993), o ensino lexical é mais eficaz do que o gramatical no estágio inicial da aquisição de uma língua. A gramática, embora importante, deve ocupar no máximo 5% da carga horária de estudos, funcionando como ferramenta de apoio e não como eixo central da aprendizagem.
Por fim, a motivação é um componente essencial e está diretamente relacionada à escolha de conteúdos que despertem interesse pessoal. Dörnyei (2001) enfatiza que a motivação intrínseca — aquela que vem do prazer em realizar uma atividade — é um dos fatores mais poderosos na manutenção do engajamento de longo prazo. Quando o aluno se envolve com conteúdos que realmente aprecia, o tempo de exposição ao inglês se multiplica, o aprendizado se torna mais prazeroso e o progresso ocorre de forma mais natural.
Considerações finais
O aprendizado de inglês pode ser significativamente acelerado com a adoção de estratégias específicas que respeitam os princípios da aquisição de segunda língua. O uso de flashcards, a imersão prolongada, a aceitação da incompreensão inicial, o uso consciente da gramática e a busca por conteúdos motivadores formam um conjunto de práticas comprovadas que potencializam o desenvolvimento linguístico. O sucesso no aprendizado está menos relacionado à memorização intensiva e mais à construção de um cotidiano com presença constante do idioma, mediado por escolhas conscientes e práticas eficazes.
Referências bibliográficas
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Brown, P. C., Roediger, H. L., & McDaniel, M. A. (2014). Make It Stick: The Science of Successful Learning. Harvard University Press.
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Dörnyei, Z. (2001). Teaching and Researching Motivation. Longman.
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Horwitz, E. K., Horwitz, M. B., & Cope, J. (1986). Foreign Language Classroom Anxiety. The Modern Language Journal, 70(2), 125–132.
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Krashen, S. D. (1982). Principles and Practice in Second Language Acquisition. Pergamon.
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Lewis, M. (1993). The Lexical Approach: The State of ELT and a Way Forward. Language Teaching Publications.
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Nation, I. S. P. (2001). Learning Vocabulary in Another Language. Cambridge University Press.
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Nuttall, C. (1996). Teaching Reading Skills in a Foreign Language. Heinemann.