
Como utilizar o anki para aprender inglês

em 14 de Julho de 2025
Um dos maiores desafios enfrentados por estudantes de inglês é a retenção duradoura do conhecimento adquirido — seja vocabulário, estruturas gramaticais ou expressões idiomáticas. Este artigo propõe duas estratégias centrais para garantir que o conteúdo aprendido seja fixado com mais eficácia: (1) o uso de sistemas de repetição espaçada, como o Anki, e (2) a reapresentação de palavras e estruturas em diferentes contextos. Fundamentando-se em princípios da ciência cognitiva e da linguística aplicada, o texto analisa como essas técnicas aumentam significativamente a retenção e a fluência do aprendiz ao longo do tempo.
Durante os estágios iniciais da aprendizagem de inglês, os estudantes rapidamente percebem que a fluência depende da retenção de uma grande quantidade de informações linguísticas: palavras, expressões, tempos verbais, estruturas sintáticas, entre outros. Contudo, a simples exposição ao conteúdo não é suficiente para que esse conhecimento seja armazenado de forma duradoura na memória de longo prazo.
Neste artigo, discute-se como não esquecer o que se aprende em inglês, a partir de duas estratégias cognitivamente eficazes: o uso do Anki — um aplicativo baseado na repetição espaçada — e a revisão de conteúdos já aprendidos em novos contextos de uso.
Na aquisição de línguas, a retenção do vocabulário e das estruturas aprendidas é essencial para o desenvolvimento da fluência. De acordo com Nation (2001), o domínio do vocabulário depende não apenas da quantidade de palavras aprendidas, mas da frequência e qualidade da exposição a essas palavras.
Por sua vez, Baddeley (1997) destaca que a memória de longo prazo linguística é fortemente influenciada por práticas que envolvem repetição, recuperação ativa e associação contextual. Essas práticas devem ser intencionais e estrategicamente planejadas para se manterem eficazes ao longo do tempo.
O Anki é um sistema de flashcards que utiliza a Spaced Repetition System (SRS), ou seja, um algoritmo que agenda revisões de acordo com a curva do esquecimento. A lógica é simples: quanto mais uma palavra é repetida no momento certo (antes de ser esquecida), maior é a chance de fixação permanente.
Segundo Wozniak (1994), criador do conceito de SRS, a repetição espaçada é capaz de multiplicar em até 10 vezes a eficácia da memorização, quando comparada ao estudo tradicional baseado em revisões arbitrárias ou lineares.
Estudos como os de Cepeda et al. (2006) também confirmam que a distribuição inteligente das revisões no tempo aumenta significativamente a retenção em tarefas de memória verbal.
Outra forma eficaz de garantir que o conhecimento linguístico se consolide é rever palavras e estruturas em contextos variados. Essa técnica está relacionada ao conceito de aprendizagem contextualizada, que propõe que a memória é mais duradoura quando o conteúdo está associado a situações significativas (VanPatten, 2003).
A leitura e escuta de textos e diálogos com áudio e tradução é uma ferramenta ideal para isso, pois:
Quanto mais vezes o cérebro reencontra uma mesma palavra em diferentes ambientes linguísticos, mais robusta e versátil se torna a representação mental dessa palavra (Barcroft, 2015).
Reter o conhecimento adquirido é tão importante quanto adquiri-lo. Neste sentido, os aprendizes de inglês podem se beneficiar enormemente ao utilizar ferramentas cognitivamente eficazes como o Anki e ao incorporar estratégias de exposição variada em contextos diferentes. A soma dessas práticas resulta não apenas em memorização, mas em fluência real e aplicável.
O inglês, para ser falado com segurança, precisa estar consolidado em nossa memória — e isso só ocorre quando a revisão é planejada e o contexto é diversificado.