
A zona de desenvolvimento proximal no ensino de inglês

em 23 de Julho de 2025
A gamificação — ou seja, o uso de elementos de jogos em contextos não lúdicos — tem se consolidado como uma estratégia pedagógica eficaz no ensino de línguas estrangeiras, especialmente no aprendizado do inglês. Ao incorporar desafios, recompensas, rankings, metas e feedback instantâneo ao ambiente de aprendizagem, a gamificação consegue engajar o aluno de forma mais duradoura e significativa, promovendo não apenas o entretenimento, mas a construção de competências linguísticas sólidas.
Segundo Deterding et al. (2011), a gamificação não se resume à criação de jogos educativos, mas à introdução de mecânicas que tornem a experiência de aprendizagem mais parecida com um jogo, estimulando a autonomia e o prazer pelo processo. No ensino de inglês, isso se manifesta em plataformas como Duolingo, Memrise e Quizlet, que transformam a memorização de vocabulário, a prática da escuta e a leitura em experiências interativas, competitivas e recompensadoras.
Diversos estudos mostram que alunos que aprendem por meio de sistemas gamificados demonstram maior motivação intrínseca, persistência diante de desafios e participação ativa nas aulas (Kapp, 2012). Isso ocorre porque o ambiente gamificado reduz o medo do erro, favorece a repetição natural e encoraja a experimentação linguística — todos fatores fundamentais na aquisição de uma nova língua.
Além disso, a gamificação permite que o progresso seja visualizado em tempo real, por meio de pontos, níveis e barras de avanço. Esse tipo de retorno imediato serve como reforço positivo e promove um senso de competência, fundamental para a manutenção do engajamento a longo prazo, segundo a teoria da autodeterminação (Deci & Ryan, 2000).
Na prática pedagógica, a gamificação pode ser adaptada a diferentes faixas etárias e estilos de aprendizagem. Desde jogos de tabuleiro em sala até aplicativos com desafios diários personalizados, o mais importante é que as atividades estejam ligadas a metas linguísticas claras, promovam o uso ativo do inglês e incentivem a autonomia do estudante.
Apesar dos benefícios, é preciso destacar que a gamificação deve ser usada com critérios pedagógicos bem definidos. Quando mal aplicada, pode reduzir o processo a uma competição superficial ou desviar a atenção dos objetivos educacionais. Portanto, a gamificação bem-sucedida é aquela que transforma o esforço em prazer e o erro em oportunidade de aprendizagem — sem perder de vista o conteúdo linguístico e o desenvolvimento real das competências.
Em síntese, a gamificação aparece como uma resposta contemporânea às dificuldades clássicas do ensino de línguas: desmotivação, abandono e ansiedade. Quando bem utilizada, torna o processo de aprender inglês mais leve, envolvente e eficiente.
Referências
DETERDING, Sebastian et al. From game design elements to gamefulness: Defining gamification. Proceedings of the 15th international academic MindTrek conference, 2011.
KAPP, Karl M. The Gamification of Learning and Instruction: Game-based Methods and Strategies for Training and Education. Pfeiffer, 2012.
DECI, Edward L.; RYAN, Richard M. Intrinsic motivation and self-determination in human behavior. Springer Science & Business Media, 2000.
WERBACH, Kevin; HUNTER, Dan. For the Win: How Game Thinking Can Revolutionize Your Business. Wharton Digital Press, 2012.