
Justiça silenciosa

em 15 de Julho de 2025
Este artigo discute o conceito de Minimum Viable Effort (Esforço Mínimo Viável) e suas aplicações no processo de aquisição da língua inglesa, especialmente entre aprendizes que enfrentam dificuldades com consistência e motivação. A partir da compreensão de que a construção de hábitos sustentáveis exige regularidade — e não necessariamente intensidade —, exploramos como essa estratégia pode ser um poderoso aliado na manutenção do progresso, mesmo em momentos de baixa energia, motivação ou disciplina.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas por estudantes de inglês é manter a constância nos estudos. A motivação pode oscilar, o tempo pode ser curto, e a força de vontade, muitas vezes, falha. Para essas situações, a proposta de Minimum Viable Effort (MVE), ou "Esforço Mínimo Viável", aparece como uma ferramenta eficaz de manutenção de hábitos. O conceito foi popularizado por BJ Fogg (2020), especialista em comportamento e autor do livro Tiny Habits, e tem sido estudado por psicólogos e educadores como uma maneira de construir rotinas com menos resistência interna.
O princípio do MVE é simples: nos dias em que a motivação está baixa, em vez de abandonar completamente a prática, o estudante realiza a menor ação possível que ainda o mantenha conectado ao hábito. Ou seja, é melhor fazer pouco do que não fazer nada. O exemplo clássico citado por Fogg é o do uso do fio dental: para desenvolver o hábito, a orientação é começar passando fio dental em apenas um dente. Parece pouco, mas é o suficiente para manter o cérebro engajado com o comportamento desejado, gerando um padrão de repetição que, com o tempo, se consolida.
Aplicando isso ao estudo de inglês, a ideia é não interromper completamente a prática, mesmo em dias improdutivos. Se o estudante estabeleceu como meta estudar duas horas por dia, nos dias difíceis ele pode se permitir estudar apenas dez minutos. Se o objetivo é adicionar vinte cartas ao Anki, adicionar apenas uma já é o suficiente para manter o hábito vivo. Segundo Duhigg (2012), hábitos se formam por meio de um ciclo de três elementos: gatilho, rotina e recompensa. Quando se interrompe completamente a rotina, mesmo que por um único dia, o cérebro começa a desestruturar esse ciclo. Já ao manter uma ação mínima, o elo é preservado e o hábito continua sendo fortalecido.
Mais do que uma técnica de produtividade, o Minimum Viable Effort é uma estratégia de preservação do vínculo com os nossos projetos mais importantes. Em longo prazo, a fluência em inglês não é resultado de dias perfeitos, mas da soma de muitos dias bons e outros tantos em que se fez apenas o necessário para não quebrar a corrente. Como defendido por James Clear (2018), autor do best-seller Atomic Habits, “você não precisa ser perfeito, apenas consistente”.
Portanto, se há um hábito que você sabe que pode mudar sua vida — como aprender inglês —, abrace o progresso mínimo nos dias difíceis. Fazer um pouco é infinitamente melhor do que não fazer nada. A repetição, mesmo que imperfeita, constrói estruturas mentais, reforça a identidade do aprendiz e pavimenta o caminho para resultados extraordinários.
Clear, J. (2018). Atomic Habits: An Easy & Proven Way to Build Good Habits & Break Bad Ones. Avery.
Duhigg, C. (2012). The Power of Habit: Why We Do What We Do in Life and Business. Random House.
Fogg, B. J. (2020). Tiny Habits: The Small Changes That Change Everything. Houghton Mifflin Harcourt.
Ericsson, K. A., Krampe, R. T., & Tesch-Römer, C. (1993). The role of deliberate practice in the acquisition of expert performance. Psychological Review, 100(3), 363–406.
Gardner, D. (2007). Motivation and Self-Regulated Learning in Second Language Acquisition. In J. Cummins & C. Davison (Eds.), International Handbook of English Language Teaching.