Eu? Museu?!
Por: Pedro O.
16 de Agosto de 2018

Eu? Museu?!

Homem: museu e museólogo

História história
  1.     Introdução

 

Nesse artigo, pretendemos trabalhar a relação entre o homem e o museu. Por isso, esse título que a primeiro momento se faz interessante e curioso, foi devidamente escolhido. No decorrer desse trabalho os argumentos apresentados, certamente, nos auxiliaram a compreender o título e nos incentivarão a querer mudá-lo, mas não apenas na teoria.

Para trabalharmos bem esse título em questão, não faremos tanto uso da perspectiva histórica, senão para ressaltarmos alguns pontos que são interessantes para nosso trabalho. Nosso foco se dará pelas perspectivas filosóficas e antropológicas, não apenas por uma escolha metodológica, mas sim, pelo desejo de abordar o tema em questão sob uma perspectiva distinta da que vemos geralmente e, também, para podermos aprofundar, desvelar a importância do museu em nossas vidas. Faremos essa abordagem com o auxílio de Scheiner e outros pensadores, que seja na área dos museus, da filosofia ou antropologia, enriqueceram o corpo desse artigo.

Por fim, ou melhor, antes de continuarmos, trabalhar sobre o tema do Museu é necessariamente um “sinônimo” de trabalhar com algo, aparentemente, ultrapassado em meio aos jovens, acadêmicos ou não. Fizemos então, uma pesquisa com 152 universitários, para apresentarmos não apenas nossa opinião. Fato é, que isso nos motivou ainda mais, pois percebemos que nossa geração, está cada vez mais se distanciando do estilo de vida de nossos antepassados, de suas heranças culturais, de sua tradição, tendendo a abandonar as belezas do passado, mas não nas palavras e sim, nas posturas.[1]

 

 

  1.     Museu

 

Museu. Quem nunca sonhou em conhecer o Museu Imperial (em Petrópolis), o Museu da Língua Portuguesa (em São Paulo), Museu Histórico Nacional (no Rio de Janeiro), o Museu de Arte Contemporânea Inhotim (em Brumadinho), o Instituto Ricardo de Brennand (em Recife) - esses dois últimos que estão entre os 25 melhores do mundo.[2] Poderíamos aqui citar uma imensidão de museus brasileiros, dentre eles até mesmo o Museu da Memória e Patrimônio da Universidade Federal de Alfenas, que desde a década de 40 tem um prédio liberado para poder valorizar a importância da Universidade na Cidade, assim como a cidade em si, através de exposições.[3]

Como nosso intuito não é relatar museus e sim discutir a relação que temos com ele, vamos voltar ao início do parágrafo anterior, onde havia um “Quem nunca...”. Para podermos respondê-lo, utilizaremos os dados computados em nossa pesquisa. Pesquisa que foi realizada durante três dias de modo simples, pois utilizamos a página da “UNIFAL-MG” no facebook e fizemos uma enquete, abrangendo os alunos de todas as áreas, como está apresentado abaixo:

POR FAVOR, AJUDEM-ME A REALIZAR ESSA PESQUISA, APENAS RESPONDAM SIM OU NÃO.

1)     Você quando criança tinha vontade de conhecer um Museu?

2)     Você conhece o museu da UNIFAL?

3)     Você acha importante investir em Museus?

Em todas as perguntas houve um “massacre”. Na primeira pergunta, 107 responderam que sim e 26, não. Na segunda e a terceira pergunta houve um dado curioso, já que na segunda apenas 28 pessoas de 140 que responderam essa pergunta conheciam o Museu da UNIFAL, enquanto na terceira por pouco não obtivemos apenas o sim, pois foram 7 votos de não. O dado curioso deixaremos para abordar mais a seguir. Para esclarecer, nem todas pessoas deram seus votos em todas questões. Por mais que seja interessante refletirmos no por que não, não o faremos em respeito por terem ao menos ajudado em uma das perguntas.

Depois de apresentado o resultado da pesquisa, cabe a nós aprofundarmos no que ela quer nos dizer. Temos que confidenciar que o resultado nos surpreendeu, principalmente da primeira questão, pois antes de idealizarmos a enquete no facebook, já havíamos feito com 30 pessoas pessoalmente, onde o resultado era diferente, mas mantendo as questões 2 e 3 do mesmo modo. Em nossa pesquisa anterior, por pouco não havia empate, mas vencia a quantidade de pessoas que não tinham interesse por museus em sua infância. Não cabe a nós, nesse artigo, refletirmos a postura das pessoas frente ao outro e frente ao virtual, por isso, continuemos.

Quando pensamos que a maioria das pessoas entrevistadas tinham o desejo de quando criança conhecer um museu, temos que refletir no por que. Para isso, que tal voltarmos a nossa infância e pensarmos um pouco. Muitos de nós quando pequenos, tínhamos o desejo de conhecer a praia, de poder viajar de avião, de conhecer um estádio de futebol, de conhecer uma cidade histórica e/ou turística, de ir no “Play Center”, etc. Isso se dava pela divulgação que víamos na TV, revistas e jornais dos mesmos, por uma conversa com um de nossos “amiguinhos” que havia conhecido um desses lugares, quando nossos professores em sala de aula comentavam sobre, quando nossos pais contavam histórias desses lugares e, para os mais novos, pela internet.

No marketing, costuma-se usar a frase: “O que não é visto não é lembrado!”. Nesse sentido, queremos dar os méritos pela influência, referente a cultura, para os meios de comunicação, pais e professores, do nosso tempo. Pois o meio em que vivemos influencia em nosso modo de ser e de ver o mundo.[4] Obviamente a cultura é muito mais que o Museu, mas este, tem um papel importantíssimo na mesma. Usaremos a definição da UNESCO,[5] que está no site no IPHAN,[6] para melhor entendermos:

O museu é uma instituição permanente, aberta ao público, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, que adquire, conserva, pesquisa, expõe e divulga as evidências materiais e os bens representativos do homem e da natureza, com a finalidade de promover o conhecimento, a educação e o lazer.[7]

Nessa definição, podemos perceber a importância do museu e desse para nossas vidas. Já que nele parte da história do homem, do povo, da região, da religião, do país, da cultura está armazenado e por ele, podemos conhecer nossa história. Mas popularmente a expressão museu é usada por muitos com uma conotação negativa, como: “quem vive no passado é museu!”. No Brasil, por mais que esteja crescendo o interesse por museus, nossa cultura ainda não o valoriza como deveria.[8] Mas nem sempre o Museu foi assim como o concebemos. Ele teve sua origem com colecionadores na antiguidade. Sempre o homem teve o costume de guardar objetos, colecioná-los, seja pelo valor afetivo ou efetivo do mesmo, o que mais tarde explicitaremos. Os objetos eram guardados pelos seus respectivos donos e expostos para outros colecionadores e visitantes. Foi no séc. XVII que o Museu veio a tomar a forma que tem hoje, tendo sua origem na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Já no Brasil, o primeiro Museu é o do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano de 1862.[9]

A expressão museu, que se origina da palavra grega mouseion, significa “casa das musas”. As musas eram nove deusas irmãs, número que varia de acordo com a mitologia, que personificavam as artes e ciências: poesia épica, história, poesia lírica, música, tragédia, poesia amorosa, comédia, dança e astronomia. Sendo então suas respectivas protetoras. Por isso, o museu seria um lugar dedicado as musas, a todas elas.[10] Cada museu tem a sua especificidade, trabalhando artes e ciências distintas em tempos distintos, compondo então, praticamente todo o traço histórico da humanidade.

O museu não é tão antigo quanto o fato de colecionar objetos. Aqui se faz necessário incluirmos mais uma palavra chave para nosso artigo, o patrimônio, já que ele antecipa a realidade do museu. Essa expressão vem do latim patrimoniu (patri = pai + monium = recebido), ou seja, recebido do pai. O termo patrimônio pode ser também entendido, por isso, como herança.[11] O patrimônio são os bens de uma pessoa. Bens esses, que não se resumem a ser materiais (tangíveis), pois muitos são imateriais (intangíveis). No museu, tudo o que a ele pertence é chamado de patrimônio. Mas nem todo patrimônio está limitado ao museu, como por exemplo: o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, o Morro do Pelourinho, a Igreja Matriz de Alfenas, etc. (patrimônios materiais), assim como a Capoeira, Carnaval, Festa Junina, etc. (patrimônios imateriais – detalhe é que nenhum patrimônio imaterial pertence ao museu, mas pode por ele ser relembrado por fotos, vídeos, etc.). Já a relação do homem e seus bens, trabalharemos no decorrer do artigo, nesse ponto, apenas se fazia necessária essa explicitação.

 

Aparentemente abandonamos o resultado da pesquisa e a definição de museu dada pela UNESCO, mas isso se fez necessário para entendermos melhor o que seguirá. Pois se o museu é uma instituição que está a serviço da sociedade, que visa seu desenvolvimento, promovendo o conhecimento, a educação e o lazer, porque ele é desconsiderado em nosso meio? Segundo nossa pesquisa, de 152 entrevistados, 145 são a favor do investimento nos museus, o que nos apresenta a preocupação e valorização dos jovens no meio acadêmico sobre a realidade dos museus. Será? Desses 140 que responderam essa pergunta de nossa enquete, apenas 28 conhecem o museu da UNIFAL. Muitos nunca ouviram falar, mas muitos sabem que há um museu e não sabem onde é, já outros, sabem da existência do museu, onde ele é, mas nunca foram conhecer. E esses mesmos, pertencem ao grupo daqueles que votaram a favor do investimento na área de museus.

Na filosofia, chamaríamos isso de contradição performativa, que nada mais é quando a pessoa fala uma coisa, mas age de outro modo, contradizendo-se. Esse dado apresenta um sintoma da nossa realidade brasileira, que se manifesta de modo mais claro pelos meios de comunicação. No mundo virtual as pessoas apresentam uma postura distinta quando no mundo “real”, ainda que ambas sejam reais. O estudo sobre esse problema não cabe a esse artigo, mas o interesse real pelo museu, sim. Pois falamos que o passado é importante, o que aconteceu tem seu valor e não pode ser descartado, mas no dia-a-dia poderíamos resumir com: “deixe o passado no passado!”.

Talvez esteja nos passando desapercebido que o museu por nós colocado em questão é o da UNIFAL e que nele não teria nada de tão interessante a ponto de ser válido o tempo gasto para conhecê-lo. Com isso, teríamos dois problemas. O primeiro do museu que é pouco divulgado e por isso, pouco conhecido até mesmo em sua existência. O segundo é que enquanto não se conhece algo, não se pode emitir um juízo de valor, ou seja, se o museu é interessante ou não, se vale ou não a pena. É importante considerar que muitos professores da Instituição não conhecem o museu, essa observação foi feita pelo aluno de História e bolsista do Museu da UNIFAL, Evandro Moraes que nos auxiliou na construção desse artigo.Pensando nisso qual incentivo que podemos esperar desses para que seus alunos conheçam o museu, conheçam suas atividades? Será que esses professores da Instituição também diriam que é importante investir em museus?

 

  1.     O homem

 

Pretendemos expor de modo simples, características intrínsecas do homem, cientes que falar do homem é mergulhar em universo maravilhosamente complexo, nos limitaremos na relação deste com o mundo ao seu redor. Buscando assim, apresentar alguns aspectos que nos conduzem a afirmar o que foi dito na introdução desse artigo, mas para isso, voltaremos alguns parágrafos e aprofundaremos dois pontos que havíamos mencionado que trabalharíamos depois, que é: o costume do homem de guardar objetos pelo seu valor afetivo ou efetivo; e a relação do homem com seus bens.

Primeiramente, o que é o homem? Dentre todas as definições, que não esgotam o que ele é em si, utilizaremos uma que é mais conhecida e famosa em nosso meio, “o homem é um animal racional”. Essa definição dada por Aristóteles ainda na antiguidade, abarca um aspecto dos que nos faz diferentes dos outros animais.[12] Nela, está contida a capacidade do homem de fazer inúmeras coisas que tem como fundamento o ato de pensar, como: dançar, questionar, atuar, cantar, brincar, pintar, etc. É importante entendermos que o homem no uso da razão, não se limita ao pensar, mas em atitudes concretas ante ao pensado.

O homem é por sua vez, no uso da razão, um sujeito histórico, ou seja, ele tem ciência de sua historicidade e da importância da mesma. Por isso, ciente de sua finitude, reflete seus atos e os dos seus, para assim poder cada vez mais evoluir,[13] para poder assim, alcançar, como diriam os gregos, seu télos (objetivo, finalidade) que tem sempre como plano de fundo a eudaimonia (felicidade).

Nesse caminho rumo a felicidade, o homem descobre a importância e o valor de sua subjetividade no reconhecimento da subjetividade do outro, pois ele só pode ser um “eu”, quando há um “tu”. A mediação desse relacionamento intersubjetivo é a linguagem. Mas qual seria a mediação entre o homem e o mundo? Segundo Scheiner, seria o simbolismo arquetípico, sendo eles tangíveis ou intangíveis.[14] Isso quer dizer, que através de objetos e símbolos, materiais ou não, o homem se relaciona com mundo, isso chamamos de cultura. Para evitar que esse capítulo fique ainda mais hibrido, teremos que trabalhar os dois pontos pendentes que deixamos na seção anterior para depois podermos exemplificar o escrito acima, dando assim, maior clareza.

Os povos e culturas, tem seus costumes. A cultura forma o homem e esse a reforma com seu jeito de ser, de agir.[15] No modo de ser do homem, desde os primórdios, ele começou a criar objetos para seu uso, usemos como exemplo o sapato mais antigo do mundo, de 5500 anos atrás.[16] Seu objetivo ao ser criado era para proteção dos pés, mas quando seu dono morreu, o que aconteceu com ele? Provavelmente foi passado, como herança, para seu filho que obviamente utilizou o sapato, considerando que naquele tempo ter sapato deveria ser uma preciosidade. Mas pensemos que o pai tinha um pé pequeno demais e o filho, por sua vez, tivesse um pé muito grande, qual seria o destino do sapato? Difícil dizer. Certo é que ou ficaria com o filho, na família, ou se tornaria um objeto de troca. Se ele ficasse na família sem mesmo ser utilizado, seu valor seria necessariamente afetivo. Já se fosse utilizado, seu valor seria efetivo, e talvez afetivo também.

O patrimônio, se pudermos defini-lo de modo sucinto, nada mais é que um bem, para uma pessoa ou um grupo social. Por isso, esse sapato, com a morte do pai, fazia parte dos patrimônios do filho, de sua família. O modo como este se relaciona com o objeto determinará se ele é apenas mais um “bem” ou se é um “Bem”. A valorização que é dada a ele entra em questão quando pensamos em patrimônio, mas não no sentido monetário. Por isso, não há uma regra para determinar se esse ou aquele objeto é um patrimônio para alguém, senão cada indivíduo.[17] Cada um de nós, temos objetos, que transcendem o simples fato de ser do objeto, tendo um valor que para muitos pode ser completamente insignificante.

Imaginemos ainda, aquele pai arcaico com seu sapato. Diariamente, antes de calçá-lo, suponhamos, que ele fazia uma dança, o que para nós em pleno séc. XXI pode parecer ridículo. Seu filho cresceu vendo aquele ritual para calçar os sapatos. Quando o filho herda o sapato e decide ficar com ele, será que ele dançará? Será que o ritual permanecerá? Suponhamos que sim, ele estaria dando continuidade em um rito de seu pai, o que podemos chamar também de patrimônio, mas nesse caso, um patrimônio intangível, imaterial.

Por mais diferente que possa vir a parecer esse exemplo, ele nos serve para entender melhor a definição de Scheiner sobre o modo como o homem se relaciona com o mundo.[18] Pois a cultura é formada por um conjunto de normas e costumes de um povo, sendo esse o modo de relacionamento do homem com a natureza.[19]O pai deixou para seu filho não apenas seus sapatos, mas também seu hábito. O filho ao receber os sapatos, recebe não apenas um objeto, mas história, a do seu pai e a sua que como filho, via seu pai diariamente fazendo o ritual antes de usá-lo. Seu modo de agir depois disso, definirá a continuidade do hábito paterno, gerando assim um costume familiar ou o rompimento com a mesma.

 

Uma pequena observação se faz necessária. Pois nosso trabalho tem como foco a relação do homem com o museu e não da sociedade. Por isso, não entramos em questões como a relação do patrimônio que há no museu e as escolhas realizadas sobre qual deve estar ou não no museu. Como um objeto escolhido, a moeda por exemplo, carrega traços históricos profundíssimos e curiosos.[20] A importância que uma cultura dá ao buscar valorizar-se, investindo em museus.[21] E assim, uma infinidade de questões, cientes que seria interessante abordar esses aspectos, mas conscientes de que fugiríamos do foco do nosso trabalho.

 

  1.     Conclusão

 

O que é um museólogo? O museólogo é um profissional do museu responsável por gerenciá-lo. Ele planeja, organiza, administra, dirige e supervisiona os museus e exposições. Solicita tombamento de bens culturais, conserva, manipula e divulga o acervo museológico. Faz o intercâmbio de peças e acervos, assim como parcerias com outros museus. Além de pesquisar, identificar, organizar e conservar peças de valor histórico e cultural.[22] Por que definir o que é um museólogo na conclusão do nosso artigo? Fizemos metodologicamente essa escolha, para podermos ao defini-lo, afirmarmos que cada homem, se considerados válidos os pressupostos apresentados anteriormente, é um museólogo e ainda mais, um museu.

Para podermos esclarecer essa afirmação, temos que relembrar o percurso que fizemos juntos nesse artigo. Na introdução mencionamos que nosso intuito era trabalhar, obviamente, o título do artigo, ou seja, o homem (eu) e o museu. Também que para entender melhor como essa geração reage ante a existência dos museus, fizemos uma pesquisa.[23] Começamos o capítulo apresentando os resultados de nossas pesquisas e questionamos uma contradição entre aquilo que se fala e aquilo se faz, incentivados pelos resultados obtidos. Definimos e contamos a origem dos museus. Depois, apresentamos um pouco, apenas o que nos convinha nesse trabalho, sobre o modo de ser do homem e as possíveis relações do mesmo com seus bens, patrimônio.

A cultura de nosso tempo é conhecida como “cultura do descartável”,[24] mas nem tudo pode ser descartado, mesmo nessa cultura. Um ponto que não é descartável é você, ao menos para você mesmo. Nesse sentido, ainda que tudo possa perder o valor aos seus olhos, tendo apenas um valor momentâneo, você permanecerá tendo valor para você. E quando pensamos nisso, temos que entender melhor esse você, ou seja, esse outro, esse eu. Se o “eu” tem valor, do que esse “eu” é composto? Alguns afirmam que o homem é a sua história.[25] Podemos então dizer que eu sou minhas memórias, meu passado. O futuro é incerto e o presente é um contínuo vir a ser que passa, mergulhando na minha vida como passado.

Quando pensamos em nossa história, lembramos de fatos, lugares, coisas que nos marcaram. Alguns estão quilômetros de distância de nós, mas outros muito próximos. Nem todas as marcas que temos são para nós importantes ou boas de serem lembradas, mas muitas outras, sim. Aquilo que nos for possível guardar, no desejo de eternizar aquele fato tão caro para nossas vidas, o faremos. Para melhor entender isso, pense em sua casa, o que há nela que veio para você como herança e que você guarda com tanto carinho? Ou o que você fez questão de arrumar para te lembrar de algo que viveu? Que tal um álbum de fotos, roupas de seus pais, um quadro, etc.

Nós somos museus de nós próprios, pois em nós, em nossa casa, buscamos eternizar o que para muitos pode não ter valor algum, mas para nós é valoroso. Que seja a noite de natal em família cantando Noite Feliz antes da ceia. Seja o bem material ou imaterial, agimos como museólogos que definem o que em nossas vidas deve ou não permanecer para as próximas gerações, que seja apenas a de nossos filhos, mas buscamos transmitir pela educação o valor de cada um de nossos patrimônios.

Como hoje vivemos a “cultura do descartável”, o melhor caminho para assegurar determinados valores é resgatar a história, a nossa história, a sua história. Lembranças do relacionamento do homem com o homem e do homem com o mundo. Para isso a educação familiar e a educação escolar têm fundamental importância,[26] mas o maior ganhador de tudo isso, somos nós.

 

  1.     Bibliografia

5.1.        Livros

ANDERSON, Benedict R. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 246.

ASSUMÇÃO, Jéferson. Homem-massa – a filosofia de Ortega y Gasset e sua crítica à cultura massificada. Porto Alegre: Ed. Bestiário, 2012. p. 59.

BEZERRA, Juliana; CLEROT, Pedro; FLORÊNCIO, Sônia Rampim; RAMASSOTE, Rodrigo. Educação Patrimonial: histórico, conceitos e processos. Brasília: Iphan/DAF/Cogedip/Ceduc, 2014.

CARLAN, Cláudio Umpierre; FUNARI, Pedro Paulo A. Moedas: a numismática e o estudo da História. São Paulo: Annablueme, 2012. p. 23.

DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François (Eds.). Conceitos-chave de Museologia. São Paulo: Armand Colin, 2013. p. 73.

LEITE, Maria Isabel; OSTETTO, Luciana Esmeralda. Museu, educação e cultura: encontro de crianças e professores com a arte. Campinas: Papirus, 2005.

SCHEINER, T. C. M. Insustentável Leveza: A Face Intangível do Patrimônio. In: Imagens do não-lugar: comunicação e os novos patrimônios. Universidade Federal do Rio de Janeiro/ECO, Rio de Janeiro, 2004.

VAZ, Henrique C. de Lima. Antropologia Filosófica I. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1998.

 

5.2.        Internet

CARVALHO, Luciana Menezes de; SCHEINER, Tereza. Construindo o “discurso” do Patrimônio: das organizações internacionais e institutos nacionais a uma relação profunda entre o homem e o patrimônio – o caso do marolo, em Paraguaçu, Minas Gerais. Disponível em: < http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/10373.pdf>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

Etimología de Museo. Disponível em: <http://www.etimologias.dechile.net/?museo>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

Museu M. P. Unifal. Disponível em: <http://www.unifal-mg.edu.br/museumpunifal/sobre>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

Museus e casas históricas. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=12810&retorno=paginaIphan>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

Notas sobre a história dos museus. Disponível em: <http://www.museus.art.br/historia.htm>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

Profissões. Disponível em: < http://www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=5492>. Acesso em 05 de Maio de 2015.

REALOM, Monica. 25 museus. Disponível em: <http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-tem-dois-museus-entre-os-25-melhores-do-mundo-veja-ranking,1560750.>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

 

 

[1] Cientes da dinamicidade da cultura, não estamos fazendo nenhum tipo de juízo de valor sobre qual seria melhor, a nossa ou de nossos “pais”. Estamos apenas apontando o distanciamento do homem moderno com sua herança histórica.

[2] Cf. REALOM, Monica. 25 museus. Disponível em: <http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-tem-dois-museus-entre-os-25-melhores-do-mundo-veja-ranking,1560750.>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

[3] Cf. Museu M. P. UNIFAL. Disponível em: <http://www.unifal-mg.edu.br/museumpunifal/sobre>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

[4] Cf. ORTEGA Y GASSET, José. Meditaciones del Quijote. Tradução de G. M. Kujawski.Madrid: Universidad de Puerto Rico: Revista de Occidente, 1957. p. 52.

[5] Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura.

[6] Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

[7] Museus e casas históricas. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=12810&retorno=paginaIphan>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

[8] Cf. LEITE, Maria Isabel; OSTETTO, Luciana Esmeralda. Museu, educação e cultura: encontro de crianças e professores com a arte. Campinas: Papirus, 2005. p. 28.

[9] Cf. Notas sobre a história dos museus. Disponível em: <http://www.museus.art.br/historia.htm>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

[10] Cf. Etimología de Museo. Disponível em: <http://www.etimologias.dechile.net/?museo>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

[11] Cf. DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François (Eds.). Conceitos-chave de Museologia. São Paulo: Armand Colin, 2013. p. 73.

[12] Existem estudos que falam que o homem não é o único capaz de racionalidade, mas como isso está em discussão, vale a pena utilizarmos essa definição.

[13] Cf. LURIA, A. R. Curso de Psicologia Geral. v. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. p. 73.

[14] Cf. SCHEINER, T. C. M. Insustentável Leveza: A Face Intangível do Patrimônio. In: Imagens do não-lugar: comunicação e os novos patrimônios. Universidade Federal do Rio de Janeiro/ECO, Rio de Janeiro, 2004. p. 107.

[15] Cf. MENESES, Paulo. A cultura no plural. Belo Horizonte: Síntese, v. 20. n. 63 (1993).  p. 449.

[16] Cf. Arqueólogos encontram ‘sapato mais antigo do mundo’ na Armênia. Disponível em: <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/06/arqueologos-encontram-sapato-mais-antigo-do-mundo-na-armenia.html>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

[17] Cf. SCHEINER, T. C. M. Insustentável Leveza: A Face Intangível do Patrimônio. In: Imagens do não-lugar: comunicação e os novos patrimônios. Universidade Federal do Rio de Janeiro/ECO, Rio de Janeiro, 2004. p. 108.

[18] Cf. SCHEINER, T. C. M. Insustentável Leveza: A Face Intangível do Patrimônio. In: Imagens do não-lugar: comunicação e os novos patrimônios. Universidade Federal do Rio de Janeiro/ECO, Rio de Janeiro, 2004. p. 107.

[19] Cf. VAZ, Henrique C. de Lima. Antropologia Filosófica I. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1998. p. 17

[20] Cf. CARLAN, Cláudio Umpierre; FUNARI, Pedro Paulo A. Moedas: a numismática e o estudo da História. São Paulo: Annablueme, 2012. p. 23.

[21] Cf. ANDERSON, Benedict R. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 246.

[22] Cf. Profissões. Disponível em: <http://www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=5492>. Acesso em 05 de Maio de 2015.

[23] E’ importante ressaltar que não exploramos nesse artigo como as outras gerações se relacionavam com a Instituição Museu e que a pesquisa realizada foi para avaliar a nossa geração apenas.

[24] Cf. CARVALHO, Luciana Menezes de; SCHEINER, Tereza. Construindo o “discurso” do Patrimônio: das organizações internacionais e institutos nacionais a uma relação profunda entre o homem e o patrimônio – o caso do marolo, em Paraguaçu, Minas Gerais. Disponível em: <http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/10373.pdf>. Acesso em 23 de Abril de 2015.

[25] Cf. ASSUMÇÃO, Jéferson. Homem-massa – a filosofia de Ortega y Gasset e sua crítica à cultura massificada. Porto Alegre: Ed. Bestiário, 2012. p. 59.

[26] Cf. BEZERRA, Juliana; CLEROT, Pedro; FLORÊNCIO, Sônia Rampim; RAMASSOTE, Rodrigo. Educação Patrimonial: histórico, conceitos e processos. Brasília: Iphan/DAF/Cogedip/Ceduc, 2014. p. 6.

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