Por uma cultura da Criatividade (cont.)
Por: Wilson L.
31 de Agosto de 2020

Por uma cultura da Criatividade (cont.)

Nem o mercado está pronto para o novo mercado de trabalho, que vem como uma terceira onda devastando e transformando o mundo do trabalho.

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PRONTO que tem o significado de estar preparado ou, no sentido que este texto trabalha, estar em condições de perceber ou identificar o que realmente precisa.

A cultural anti-criatividade não é só nossa

De acordo com o dr. George Land [1], em um teste feito em um grupo de 1.600 crianças, acompanhadas dos 5 aos 15 anos, a queda da genialidade criativa foi assustadora, visto que o grupo iniciou com 98% (cerca de 1.568 crianças) catalogados como gênios em imaginação, caiu para 30% quando estavam com 10 anos e para 12% (cerca de 192 crianças) quando estavam com seus 15 anos. Ou seja, em 10 anos 86% daquelas crianças (cerca de 1.408 crianças) perderam seu potencial de imaginação.

Uma outra pesquisa realizada pela dra Dra. Kyung Hee Kim [2] em 300.000 norte americanos (homens e mulheres) com idade média de 31 anos, no período de 18 anos, constatou que, nesta mesma faixa de idade, ocorreu uma queda significativa no potencial criativo da população dos EUA.

Eu comento sobre estes dados no Papo Reto
(página do Etapa Criativa no Youtube)

Podemos imaginar a perda representada por estes número: a quantidade de criações, invenções, curas, novas tecnologias, obras de arte, que todo esse potencial inovador e criativo deixou de produzir. Isto em um mercado que já compreendia a muito tempo que precisaria de mentes criativas para se fortalecer e ser competitivo. Nos EUA, que em 2018 ficou em 5º lugar no ranking de qualidade na Educação e, em 2015, estava em 17º no Índice de Capital Humano.

"O Índice de Capital Humano quantifica como os países
estão desenvolvendo e implantando seu capital humano
e acompanha o progresso ao longo do tempo".[3]

Então, é fato que precisamos nos preocupar com o Brasil, pois estávamos na posição 119 no ranking de Qualidade na Educação e em 78º no Índice de Capital Humano em 2015.[4]

Mas antes de começarmos a culpar os professores, escolas, Educação, Governos, voltemos um pouco para compreender que o problema não é exatamente (ou somente) por aí, pois existe neste processo a cultura que vem da família: de pais, irmãos, primos, tios, amigos mais próximos dos familiares. Por exemplo, nos estudos sobre Empreendedorismo, um dos fatores determinantes para a formação de uma pessoa empreendedora é a influência recebida de alguém que foi exemplo, com a cultura da inovação, mais conhecida como pessoas empreendedoras. Ou seja, o exemplo é de fato uma das molas propulsoras para gerar mentes inovadoras. O mesmo vale para se desenvolver mentes criativas, a capacidade crítica e o raciocínio voltado para a solução de problemas.

Sendo assim, sem me preocupara com o tato, o fato é que o problema surge ou é minimizado dentro de casa, pois depende, e muito, da forma como a família se relaciona e como lida com o conhecimento, o lúdico, a cultura popular e erudita, com o incentivo ou o desestímulo à imaginação criativa, com a compreensão do aprendizado existente nos erros cometidos desde a infância, passando pela adolescência e pela história de vida de uma pessoa profissional.

"SI OPERAMOS CON MIEDO USAMOS UNA PARTE MÁS PEQUEÑA DEL CEREBRO,
PERO CUANDO USAMOS EL PENSAMIENTO CREATIVO, EL CEREBRO SIMPLEMENTE SE ILUMINA". — Dr. George Land [5]

O mesmo raciocínio vale para as empresas, pois de que adianta implantar um grupo de inovação criativa, se a diretoria, a gerência, e a maioria dos colaboradores continuam presos nas ideias de controle, punição e formação de profissionais "perfeitos"? Como podem compreender a importância de se pensar o erro para além de um problema, mas como um sintoma, tal como a dor que é necessária para se perceber algo que, se não existisse os sintomas, não seria diagnosticado.

Mas o erro só é positivo quando é analisado para além de uma falha a ser corrigida, pois quando um médico não faz exames mais profundos, corre o riso de dar o diagnóstico errado. As doenças mudam, as pragas ganham resistência, o mercado se transforma, o público reage diferente, mas muitas empresas acreditam que devem permanecer como estão.

Uma planta que precisa ser regada

Você, provavelmente, já trabalhou (ou trabalha) em algum lugar que se posiciona como uma empresa a favor de novas ideias e que procura estimular a inovação de todos com palestras, frases pelos corredores e reuniões (e tome reuniões nada inovadoras) para estimular a criatividade dos colaboradores.

Frases como "valorize o erro", pense fora da caixa", entre outras do mesmo calibre são repetidas em diferentes momentos. No entanto, quando as ideias surgem, algo de muito estranho acontece: elas não progridem. E se são abraçadas no primeiro momento, na primeira crise, nos primeiros sinais de dificuldade, tudo volta a ser como em qualquer outra empresa que não se diz inovadora.

E é nesses momentos que funcionários realmente voltados para o pensar crítico, para a inovação-criativa se frustram. Pois são os primeiros a abraçarem as novas ideias e a se tornarem multiplicadores das ideias que a empresa adotou.

O problema, é que a criatividade e a inovação não acontecem só porque alguém disse que aconteceria. Como Moraes[6] explica ao falar das Dimensões da Comunicação (Rodrigo Vilalba), que podem ser trazidas também para o contexto deste artigo. O fato é que o ser humano pode sofrer influências das dimensões que o envolvem:

  1. ESPACIAL (local onde transita, atua, trabalha, convive);
  2. TEMPORAL ou HISTÓRICA (fatores ligados à política, à cultura, ao contexto); e por um
  3. ARRANJO DE ELEMENTOS, que se divide em:
    • OUTRAS PESSOAS (a influência de formadores de opinião, de familiares, de afetos e desafetos, de chefes, líderes);
    • OBJETOS (elementos complementares que tanto pode ser um terno, uma calculadora, um relógio Rolex ou mesmo uma imagem projetada numa reunião); e
    • OUTROS FATORES (ligados à elementos naturais como uma chuva, um tempo fechado, uma cidade ou uma fazenda e também relacionados à saúde, como estar com febre, dor de cabeça, com gripe).

Por uma cultura da criatividade

Pensando em um futuro não muito distante, que poderá gerar problemas graves, tanto pela falta de mentes criativas aqui como no resto do mundo. E vivemos ainda uma globalização e ganha força o trabalho remoto, pois hoje já existem vagas ociosas aqui e lá fora, de gente especializada, empática, versátil e criativa.

Mas este é o tema para um próximo texto, pois demanda um proposta de debate e a compreensão de que, realmente, o próprio mercado não está se preparando para o novo mercado de trabalho. Pense nisso!

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  1. Texto com link para o vídeo com George Land no TEDx de Tucson (2011), onde conta sobre a pesquisa feita no grupo de crianças dos EUA.
  2. Texto com link para o vídeo com a dra. Kyung Hee Kim sobre a Crise na Criatividade (2012).
  3. Ranking do Índice de Valorização do Capital Humano (2015).
  4. Idem (anterior).
  5. Citação do dr. George Landa retirada no artigo sobre a queda da criatividade em crianças dos EUA (31/05/2018).
  6. Vide o texto com mais explicações em minha dissertação de mestrado (da página 40 à 42).

 

  • Imagem: David de Michelangelo, 1504 - Renacentista - Foto: Herbert Van der Wegen - em: https://freeimages.com/ - Efeitos: Wilson Leite
  • Artigo, deste autor, originalmente postado no LinkedIn, em 15 de janeiro de 2020.
  • Fonte original: https://www.linkedin.com/pulse/%C3%A9-fato-nem-o-mercado-est%C3%A1-pronto-para-novo-parte-2-wilson-leite/
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