Oi, Maria Fernanda. Tudo bem contigo?
O filósofo da ciência que forjou o conceito de "paradigma" foi Thomas Kuhn. Para ele, as ciências são feitas sobre paradigmas.
Imagine um paradigma como uma espécie de dimensão ou, se preferir, plataforma de saberes ou visões de mundo. Sem um paradigma não há ciência. Nas palavras de Kuhn: “paradigmas são as realizações cientificas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência” (KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991, p. 13).
O que você também deve ter em mente é que não existe apenas uma paradigma. Nas ciências humanas, por exemplo, já existiu o paradigma iluminista, o positivista, o marxista, o estruturalista, o pós-estruturalista, o interpretacionista ou culturalista e o moderno e pós-moderno, dentre outros.
Lembre-se que cada paradigma oferece visões de mundo. Assim, os cientistas conseguem criar perguntas, estudar objetos de pesquisa e descobrir respostas.
Mas, como cada pergunta, objeto e resposta é "forjado" sobre algum paradigma, tudo isso não passa de criação humana, de subjetividade. Tudo isso depende de uma escolha. E as escolhas são pessoais. Por isso, o conhecimento científico não é absoluto. Ele é temporário. Ele pode ser uma verdade aceita agora. Pode explicar muitas coisas em nosso tempo presente. Mas, em algum dia no futuro, ele pode sofrer alterações.
A ciência é refutada, como disse Karl Popper, a fim de verificar sua falsidade ou veracidade/verdade. Mas, o paradigma é completo e total. Somente novas descobertas podem desfazer e refazer o paradigma.
Vou dar um exemplo: até uns duzentos atrás muitos cientistas sociais acreditavam de verdade na superioridade de raça. Eles diziam coisas como: "os europeus, que são brancos, têm tecnologias bélicas mais eficientes e civilizações mais desenvolvidas e, por isso, são melhores do que os negros africanos ou os nativos americanos".
Imagine só. Primeiro, que quem definia o que significa ser desenvolvido eram os próprios cientistas europeus. E, segundo, eles não pensavam que os seres humanos eram todos homo sapiens, de uma mesma espécie. Pensavam que fossem espécies diferentes. E isso valeu mesmo na época. Muitos cientistas acreditaram naquilo. Pertencia a um paradigma positivista. Algo que poderia ser provado com os dados disponíveis.
Todavia, hoje, no paradigma culturalista não se pensa mais em diferenças qualitativas, isto é, de superioridade e inferioridade de raças (ainda bem!). O paradigma mudou.
Entendeste?
É por isso que o conhecimento científico é provisório. Ele não é absoluto.
Outro exemplo: por muitos séculos os intelectuais eruditos da Europa medieval achavam que a Terra fosse quadrada. Eles tinham argumentos para defender essa ideia. Na época, tal ideia não era estapafúrdia, para eles. Porém, após Copérnico, Galileo, Bacon e até Cristóvão Colombo, dentre outros, provou-se que a Terra era esférica. Pense bem!
Um abraço!